terça-feira, 15 de setembro de 2015

Terceiro dia: Salar de Tara, porque o melhor fica por último

Nós nem íamos fazer esse passeio, porque leva o dia todo. Nosso pensamento era fazer passeios de meio período para poder conhecer mais coisas. Nem sei porque decidimos ir, só sei que adequamos todos demais tours para conciliar com esse. E nosso último dia no Atacama nos reservou as mais belas surpresas e os passeios mais incríveis.

Para esse tour, nosso guia novamente foi o Gino, um italiano que mora em San Pedro há mais de 20 anos e que foi quem criou o tour do Salar de Tara. Antigamente nenhuma agência queria fazer esse tour porque o salar é longe, algumas vezes as estradas desaparecem e dão lugar à areia por todos os lados e o custo seria muito alto. Mas Gino começou e hoje esse é um dos passeios mais pedidos pelos turistas.

Eu já disse que o Gino é “o cara”? Acho que não nesse post, mas ele é! Novamente eu digo: se você tiver a oportunidade, faça seus tours com ele. O Salar de Tara é magnifico, mas o Gino tornou cada parada do passeio inesquecível e perfeita.

A primeira delas é em San Pedro mesmo, para o café da manhã, muito bem servido. Comemos coisas leves e tomamos chá de coca (não, ele não tem nenhum efeito alucinógeno, pode tomar sem problemas) para não sofrer no passeio de maior altitude.

Chá de coca

Depois o Gino parou para tirarmos fotos no meio da estrada e nos contar a lenda sobre Licancabur e Juriques.

Dizem que os irmãos Licancabur e Juriques eram apaixonados pela mesma mulher, Quimal. Mas ela gostava mesmo é de Juriques. Inconformado, Licancabur decepou a cabeça do irmão. Furioso, o pai deles, Láscar, ordenou que Quimal fosse para bem longe.

Poderia até ser uma história real se Licancabur, Juriques e Láscar não fossem vulcões e Quimal uma montanha. Mesmo sendo malvado, Licancabur é meu preferido! E olha os dois irmãos aí:

Licancabur e Juriques

Seguimos caminho até uma laguna semicongelada, que descobri depois ser o pequeno Salar de Aguas Calientes.

Salar de Águas Calientes

Aí o nosso super guia Gino para a van ao lado de uma lagoa totalmente congelada no meio do Deserto e pergunta quem gostaria de patinar no gelo. Já estávamos acostumados com gelo no deserto. Embora no Atacama não chova quase nunca, neva. Estranho, né?

Nossa reação foi tipo “como assim patinar no gelo sem patins no meio do deserto?”. Mas o Gino garantiu que a lagoa estava ótima para patinarmos, então fomos. Dizer que foi incrível não é nem de perto a verdade. Foi muito mais que isso.

Lagoa congelada na beira da estrada
Patinação no gelo
Até pose eu fiz


Monjes de La Pacana, Valle de los Cristales, Monjes Blancos


Então foi a vez dos famosos Monjes de La Pacana: formações rochosas curiosas no meio do deserto. A mais conhecida é chamada El Indio, porque parece muito com um daqueles índios norte-americanos. Nos Monjes encontramos mais tours. Até agora não havíamos trombado em nenhum outro.

Monjes de La Pacana
El Indio

Então voltamos para a van e fomos pela cratera gigante de um vulcão. Paramos em um lugar que o Gino chamou de Valle de los Cristales: e é aí que os fãs de Game of Thrones (como nós) enlouquecem!

Estava achando muito interessante quase não encontrarmos nenhum outro tour pelo caminho. Não tinha mais ninguém patinando no gelo, nem no Valle e também não haveria ninguém nossa próxima parada. Comecei a me sentir em um tour exclusivo (como o Gino foi o idealizador desse tour, imagino que tenha guardado alguns segredinhos com ele)!

Bom, voltemos ao Game of Thrones: o Gino pegou umas pedras vulcânicas sem graça e as jogou no chão. Quando as vimos quebradas - lindas por dentro, de um preto reluzente -, ele nos disse que era obsidiana. E o que isso tem mesmo a ver com Game of Thrones? Essa pedra é conhecida pelos nerds de plantão como Vidro de Dragão!

A pedra que mata caminhantes brancos! E sabe o que foi mais incrível? Ele nos deixou levar as pedras como lembrança. Quase chorei de emoção.

Vidro de Dragão

Depois disso ainda paramos em outra cratera de vulcão, cheia de formações de pedra. O Gino explicou que cada uma das três linhas horizontais nessas pedras (que ele chamou de Monjes Blancos) correspondia a uma erupção do vulcão.

Monjes Blancos

Salar de Tara


Será que esse tour poderia ser melhor? A resposta é: sim! Chegamos finalmente às Catedrales de Tara. Gino nos deixou lá para irmos caminhando a pé algumas centenas de metros até o Salar, enquanto ele foi à frente com a van para preparar nosso almoço.

As formações rochosas que formam essas catedrais são, para dizer o mínimo, impressionantes! É uma beleza de tirar o fôlego, uma das paisagens mais lindas que eu já vi.

Catedrales de Tara

Sobre o Salar de Tara, mal tenho o que falar. Lindo, maravilhoso, perfeito com suas catedrais, sua nascente de água, seu sal. Pode agrupar aí todos os adjetivos de beleza que tenho certeza que serão poucos. A magnitude do lugar arrebata. Se você acha que eu estou exagerando, dá uma olhada nas fotos.

Salar de Tara e Catedrales
Salar de Tara
Nascente de água no Salar
Panorâmica do Salar

Gino preparou os ingredientes para fazermos sanduíches de atum e comemos no própio salar, brincando de encontrar viscachas escondidas nas rochas que estavam próximas a nós.

Saciados, voltamos para San Pedro mais do que realizados, mas ainda faltava outro passeio, que fecharia nossa estadia no Atacama com chave de diamante, porque ouro é para os fracos!

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