sexta-feira, 29 de abril de 2016

Dia de história no centro do Rio de Janeiro

Para finalizar nossa série sobre a cidade maravilhosa, um passeio pelo Centro Histórico. Há opções de walking tour gratuito, nos quais você passa algumas horas caminhando de um prédio histórico para outro, com apoio de guias que trabalham recebendo gorjetas. Minha ideia inicial era fazer isso, mas como eu tinha mais tempo no Rio acabei conhecendo essa região central da cidade aos poucos, descobrindo uma parte a cada dia. 

Comecei pelo CCBB-RJ, que está bem no Centro Histórico, na Rua Primeiro de Março, número 66. O prédio com traços neoclássicos começou a ser construído em 1880 e foi inicialmente ocupado pela Associação Comercial da cidade, em 1906. Na década de 20 passou a sediar o Banco do Brasil e, em 1989 foi transformado em Centro Cultural.

Fui até lá porque estava acontecendo a incrível exposição sobre o Castelo Rá-Tim-Bum. Para quem viveu em outro planeta nos anos 90 e não sabe do que estou falando, procure na internet mais próxima de você e assista aos 90 episódios dessa série maravilhosa que marcou minha infância (e de praticamente todas as crianças da época). A exposição remontava a estrutura interna do mágico castelo e cada ala representava um dos cenários: sala principal com a árvore da Celeste, quarto da Morgana, quarto do Nino, a cozinha... além de apresentar figurinos dos personagens que ficaram marcados em nossa memória. A exposição ficou no CCBB do Rio de 12 de outubro de 2015 a 11 de janeiro de 2016, sempre lotada!

Porteiro
 
Relógio
Sonho de viver nessa biblioteca!
Gato Pintando destilando sabedoria em sua biblioteca
Etevaldo, o ET mais amado
Momento galáctico (ou psicodélico)
Zequinha, Pedro e Biba
O rato que ensinou tomo mundo a tomar banho :)
Para mim, o ambiente mais legal é esse: quarto da Morgana!
Árvore central e Celeste

Depois de relembrar os áureos tempos da infância, vamos seguir com o passeio pelas atrações históricas do Centro do Rio de Janeiro. Inaugurada em 1898 na Praça Pio XI, a igreja Nossa Senhora da Candelária é um símbolo da cidade. 

Fachada da Candelária
Interior da igreja

Ainda no centro, avistei o prédio do Theatro Municipal. No site tem mais informações sobre a programação, caso você queira combinar a visita ao Rio com algum espetáculo na casa mais majestosa da cidade. O projeto arquitetônico impressionante é resultado de uma longa e polêmica disputa entre "Áquila" e "Isadora", que passou até pela Câmara Municipal. Uma fusão dos dois projetos foi a solução encontrada, e em 1909 o teatro foi inaugurado pelo então presidente da república, Nilo Peçanha.

Theatro Municipal
Cheguei, então, na Praça XV. E lá está ele, o histórico Paço imperial, construído no século XVIII para servir de residência dos governadores da Capitania do Rio de Janeiro. Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, D. João VI transformou o prédio em sua residência. Ao longo da história o local foi palco de vários acontecimentos marcantes, como o famoso "Dia do Fico", quando o príncipe regente D. Pedro anunciou que não voltaria a Portugal em 9 de janeiro de 1822;  e a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. Por tudo isso, o prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico e hoje funciona como um centro cultural. No site é possível acompanhar a programação e os horários de funcionamento de cada espaço. A entrada é franca.

Lateral do Paço Imperial

Logo ao lado está outra construção impressionante: o Palácio Tiradentes. O local que hoje é sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio tem muita história. O primeiro edifício construído ali, em 1640, foi o parlamento imperial. O piso inferior comportava a cadeia onde esteve preso o inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Em 1808 passou a funcionar como alojamento para os trabalhadores que serviam à Casa Real e em 1822 tornou-se sede da Assembleia Geral Constituinte brasileira. 

Um século depois o prédio foi demolido e deu lugar ao atual Palácio Tiradentes, inaugurado em 1926. Durante o Estado Novo o lugar foi sede do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), e depois recebeu a Câmara dos Deputados. O Palácio só recebeu a atual função de assembleia legislativa em 1960, com a mudança da capital federal para Brasília.

Palácio Tiradentes
Bom, depois de tanto caminhar, nada melhor do que parar para um delicioso lanche na mais famosa padaria/restaurante do Brasil, a graciosa Confeitaria Colombo. Inaugurada em 1894, já se tornou patrimônio da cidade e é uma das atrações turísticas mais visitadas da cidade maravilhosa.

A clássica Colombo
Sempre cheia
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quarta-feira, 27 de abril de 2016

História e cultura no Catete e na Gávea

Eu já começo esse post com um pedido de desculpas. Fiz esses passeios em dias diferentes, em viagens diferentes ao Rio de Janeiro, mas eles tem duas coisas em comum: nos dois dias o clima estava nublado e chuvoso e em ambos eu estava sem a minha câmera fotográfica - e portanto tendo que me contentar com fotos do celular, que na época não era lá dessas coisas... 

Mas independente disso, o registro deve ser feito porque a visita a esses dois museus é fundamental para você que vai ao Rio. O Museu da República é na verdade o histórico Palácio do Catete. Construído em 1867 como residência do barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, é símbolo do poder da elite cafeeira do país na época. Foi em 1896 que o Palácio foi adquirido pelo Governo Federal para sediar a Presidência da República.

Mesmo funcionando como sede do governo, o local não deixou de sediar eventos culturais, saraus e bailes que reuniam a elite brasileira da época. Em 1938 a propriedade foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mas a principal memória ligada ao palácio é, sem dúvida, o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Depois de sediar a república por quase 64 anos, o Palácio do Catete tornou-se Museu da República em 1960 devido à mudança da capital federal para Brasília.

Jardins do Museu da República

O acervo - que inclui a própria construção, móveis e decoração - e as exposições temporárias tratam da história republicana brasileira. Além do acervo interno do museu, os jardins são uma atração a parte e estão sempre ocupados pelos cariocas, seja usando o trajeto de passagem ou usando as sombras das árvores para descansar lendo um livro. Há ainda várias atividades culturais que são realizadas no próprio jardim. O local reúne ainda um cinema e um café, opções de lazer com cultura fora do circuito comercial. 


Logo na entrada do Palácio, chama a atenção um portão de ferro de 1864. No hall, seis colunas de mármore levam à escada principal. As esculturas, luminárias e estuques no teto com as Armas da República foram implantadas na época em que o palácio serviu como sede da presidência. Os cômodos do térreo eram ocupados com setores burocráticos como secretaria, gabinetes, salas de audiências e o Salão Ministerial. Ao subir a escada, o visitante pode apreciar pinturas e esculturas, além da própria arquitetura.


O segundo andar do prédio é chamado de piso nobre e sediava recepções e cerimônias. Cada luxuoso salão é decorado com uma temática diferente, como o Salão Francês no estilo Luiz XVI e o Salão Nobre, decorado com cenas mitológicas. Um dos que mais me chamou atenção foi o Salão Mourisco, com decoração inspirada na arte islâmica. Vitrais e uma capela ainda ocupam o andar. O terceiro e último andar era destinado aos aposentos das famílias dos presidentes, dentre eles o quarto presidencial no qual Getúlio Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Mas, infelizmente, quando eu estava lá esse andar estava fechado para visitação. 

Detalhe da parede do Salão Mourisco

O Museu da República fica na rua do Catete, 153. A entrada custa R$ 6, mas nas quartas-feiras e domingos a visitação é gratuita. O museu funciona de terça à sexta, das 10h às 17h. Nos sábados, domingos e feriados, abre das 11h às 18h.


Instituto Moreira Salles


Instituto Moreira Salles é um espaço de arte localizado na casa onde viveu o embaixador Walther Moreira Salles no alto da Gávea. O local se tornou a sede do instituto em 1999 e, desde então, acolhe acervos de fotografia, música e literatura, além de sediar exposições temporárias. A casa ainda contém um cinema e espaço para shows. 

Na véspera da minha visita ao Instituto, um temporal havia atingido o Rio de Janeiro e, por isso, alagado várias salas das exposições e do cinema. Dessa forma, meu tour foi reduzido a duas alas e ao jardim. As exposições tratavam das carrancas do Rio São Francisco e ilustrações antigas da cidade. Me deu vontade de voltar lá para percorrer a casa em sua totalidade.

Mas pode-se dizer tranquilamente que a principal "peça" do acervo é a própria casa, um marco da arquitetura moderna dos anos 1950, projetada por Olavo Redig de Campos e com jardins de Burle Marx. A construção fica ainda mais exuberante por estar no meio na Floresta da Tijuca. Um ponto de modernidade cercado pela mata atlântica.

Parede de cobogós na fachada da casa

O pátio central, que separa a ala íntima das dependências sociais, dá vista ao jardim com piscina e a montanha ao fundo. Tudo isso ornamentado por uma fonte e uma passagem coberta por uma marquise ondulante. O Instituto Moreira Salles fica na rua Marquês de São Vicente, 476, e funciona de terça a domingo, das 11h às 20h, com entrada gratuita.

Pátio central
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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Santa Teresa e Lapa: nostalgia e boemia

Não poderia ir ao Rio de Janeiro sem conhecer os famosos Arcos da Lapa e passar pela coloridíssima Escadaria Selarón. Essas beldades turísticas ficam no gracioso e boêmio bairro de Santa Teresa. Dá para visitar o bairro e suas atrações de ônibus ou metrô, mas optei por uma forma mais nostálgica e divertida. 

Na época em que estive lá o Bondinho de Santa Teresa estava em fase de testes, e justamente por isso, o trajeto era gratuito. Ele funciona de segunda a sábado, das 11h às 16h, e sai de a cada 20 minutos. A Estação de Bondes fica na Rua Lélio Gama, bem no Centro da cidade. Para ir até lá, peguei o metrô no Largo do Machado e desci na estação Carioca. O passeio vale muito a pena! A sensação de passar por cima dos Arcos da Lapa em um bondinho com bancos de madeira e laterais abertas é única.

Catedral vista da Estação de Bondes
Início do trajeto
Lapa vista do alto
Bondinho parado na estação em Santa Tereza

Lógico que como estava no Rio de Janeiro, logo no trajeto já fiz amizade com uma carioca que estava pegando o bonde para ir pra casa, hehe. Ela me acompanhou no passeio pelo Parque das Ruínas e me mostrou o caminho até a Escadaria Selarón :)

O Parque das Ruínas é um palacete neo-colonial que já foi palco dos mais efervescentes saraus da Belle Époque carioca. Em 1996, o casarão de Laurinda dos Santos Lobo foi reformado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, que o transformou em um espaço cultural, que tem uma vista incrível para a Baía de Guanabara. O parque fica na rua Murtinho Nobre, 169, e funciona de terça a domingo, das 8h às 18h, com visitação gratuita

Parque das Ruínas
Interior do palacete
O Parque das Ruínas proporciona uma visão incrível do Rio de Janeiro

Para voltar ao centro, o melhor caminho é sem dúvida descer pela Escadaria Selarón. O que seria apenas uma longa escada foi transformada em obra de arte a céu aberto pelo pintor e ceramista chileno Jorge Selarón, que batizou o lugar. Os 215 degraus que ligam Santa Tereza à Lapa pela rua Manuel Carneiro foram cobertos com azulejos coloridos. Em 2015 o local foi tombado pela Prefeitura do Rio de Janeiro por interesse histórico.

O letreiro com o nome da escadaria fica na chegada à Lapa

Depois de apreciar a descida com calma é só caminhar um pouquinho para a esquerda e lá estão eles, os Arcos da Lapa. O que hoje é um símbolo da boêmia foi criado como Aqueduto da Carioca e utilizado para levar água de uma nascente para a população da cidade. Iniciada em 1660, a obra foi inaugurada só em 1750. Com as inovações para abastecimento da cidade, a partir de 1896 os Arcos passaram a servir de viaduto.

Arcos com Catedral ao fundo
Fim de tarde nos Arcos da Lapa
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Tudo são flores

O segundo dia de Rio de Janeiro foi tomado pelo verde. Saí logo cedo para conseguir visitar os exuberantes Parque Lage e Jardim Botânico. Fazer os dois passeios no mesmo dia tem os seus prós e contras. A principal vantagem é o fato de estarem bem próximos - o Parque fica no número 414 da Rua Jardim Botânico, e o próprio Jardim fica no número 1008. O único porém é que você tem que estar disposto e preparado para caminhar bastante, pois os dois passeios são feitos basicamente de longas caminhadas em meio às riquezas da nossa natureza.

Eu fui de ônibus até o Parque Lage e depois segui a pé até o Jardim Botânico. Pensei em ir de bike, mas minha internet não ajudou e não consegui usar o aplicativo :( Mas o trecho também não tinha ciclovia. No fim, gostei de ter ido a pé. Permite caminhar com mais calma e ir conhecendo os cantos da cidade. No caminho existem vários restaurantes/cafés e mercadinhos para um almoço ou pelo menos fazer um lanche entre os passeios (lembrando que o bairro Jardim Botânico é uma região nobre do Rio, ou seja, só saindo da rua principal para encontrar algo mais em conta). Para quem estiver cansado/preguiça, ou simplesmente não gostar muito de andar, é só pegar um ônibus em frente ao Parque e descer alguns pontos à frente, bem na entrada do Jardim. 

Parque Lage é ma verdade uma Escola de Artes Visuais (EAV), vinculada à Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, que reúne mais de 2 mil alunos. O local é um dos mais conceituados espaços de arte em todo o estado. Lá são promovidos cursos, palestras, seminários, exposições e festivais de cinema, música, teatro e dança.

Mansão da década de 1920 funciona como sede do Parque Lage
Construção é tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico e paisagístico
Logo ao entrar na entrada do Parque, a sede da Escola de Artes já se destaca em meio ao "jardim". A mansão, construída em 1920 e projetada pelo arquiteto Mario Vodret, foi tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico e paisagístico. O local antes era nada menos do que uma residência! A casa do armador Henrique Lage e sua esposa, a cantora lírica italiana Gabriela Besanzoni. Desde o início do funcionamento da Escola, o local se tornou centro da efervescência cultural carioca e reuniu inúmeros intelectuais e artistas de renome.

As salas de aula dividem espaço com restaurantes e cafés ao redor da emblemática piscina 
O pátio interno já serviu de locação para filmes e peças de teatro

Além de encenações teatrais, o prédio serviu de cenário para filmes como Terra em Transe, de Glauber Rocha, e o inesquecível Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade. 

Tem até uma "torre de castelo" por lá 

Jardim Botânico


Hora de ir para o famoso Jardim Botânico. Inaugurado em 1808, é uma das mais visitadas atrações turísticas do Rio de Janeiro. Ao contrário do Parque Lage, onde a entrada é gratuita, o Jardim Botânico cobra uma taxa de R$ 9 para visitação. Mas é um investimento que vale muito a pena e contribui para a manutenção do espaço. O local funciona todos os dias até às 17h, mas nas segundas-feiras só abre no período da tarde. Além da riqueza natural, o Jardim Botânico também se dedica ao patrimônio cultural. O local sedia o Museu do Meio Ambiente, o Museu Casa dos Pilões e o Espaço Tom Jobim. 

O Jardim é resultado de uma ordem do então príncipe regente português D. João de criar uma área para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. Atualmente funciona como Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um dos principais centros de pesquisa de botânica e biodiversidade. Ao passar pela bilheteria é só pegar um mapa, certificar-se de que carrega água, protetor solar e disposição. Aí é só aproveitar o frescor do ar e apreciar as mais diversas espécies de plantas que pode imaginar.

Estufa repleta de cactos

Você pode fazer o passeio a esmo ou ir seguindo algumas trilhas temáticas já preparadas no Jardim. Placas indicativas estão espalhadas por todos os lados. A Trilha das Artes faz você passar por obras de arte de raro valor que estão integradas à flora. A Trilha Histórica te leva para conhecer espécies botânicas, monumentos artísticos e arquitetônicos importantes para o desenvolvimento do Jardim ao longo dos anos. Já a Trilha das Árvores Nobres apresenta espécies nobres das florestas atlântica e amazônica. 

Mas se você, assim como eu, não consegue ler mapas e considera a ideia de seguir uma trilha específica um passo evolutivo muito distante da sua habilidade de se perder, não se preocupe. Antes de começar, eu marquei no mapa os pontos que mais me interessavam e aí fui seguindo plaquinhas e deu tudo certo. Lógico que me perdi algumas vezes, mas cada saída do trajeto me apresentava algo tão interessante e bonito que nem me importei, hehe. 

Orquidário
Estufa de Insetívoras

Tartarugas dominando a entrada do Jardim Botânico

Apesar de já conhecer o Rio de Janeiro, a Marina nunca visitou o Jardim Botânico. Portanto, ela me deu uma missão: garantir a "foto clássica do caminho das palmeiras onde o Antônio Fagundes e a Regina Duarte passearam no capítulo final da novela Por Amor". E aqui neste blog pedido feito é pedido atendido! O sol estava tímido e não deixou o cenário digno de novela, mas nada que diminua a magnitude desses "corredores".

Sim, nossa referência cultural é esperar Antônio Fagundes e Regina Duarte aparecerem nesta foto. Feel free to judge ;)
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