segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Pelas ruas de Barcelona

Andei por Barcelona enquanto ia de uma atração turística para outra. E talvez essa seja a mais querida lembrança que trago de lá. A atmosfera da cidade é contagiante: animada e relaxante ao mesmo tempo. Deu pra entender bem a reação de encantamento das pessoas na Irlanda e Inglaterra quando eu falava que ia pra lá: automaticamente abriam um sorriso e relaxavam os músculos ao ouvir o nome da capital catalã :) Resolvi reunir em um só post as fotos e descrições dos cantos por onde caminhei na cidade.

Começando pela Catedral de Barcelona, por onde passei duas vezes e em nenhuma delas consegui entrar (um dia estava de shorts e no outro estava correndo mesmo... hehe). De acordo com a história oficial, em 599 já havia documentação da existência de uma igreja no local. A antiga catedral resistiu às invasões árabes e só foi substituída em 1058, com uma nova. A construção da atual catedral, em estilo gótico, teve início em 1º de maio de 1298 e foi finalizada no começo do século XV.

Grupos dançando em frente à Catedral
Catedral de Barcelona

Em frente à Catedral fica uma feira de rua dessas que amamos, com antiguidades e diversos souvenirs. Ao lado, um monumento faz homenagem ao nome da cidade cercado por ruínas de antigas construções. É a moderna e histórica Barcelona!

Feirinha em frente à Catedral
Quase coube o nome todo... hehe

Seguindo pelas ruas, um dos pontos que definitivamente não faltará no percurso é a Plaça Sant Jaume. Eu, particularmente, nem notei que era uma praça ao chegar lá, haha. Na verdade, é um ponto no centro do Barri Gòtic que concentra o poder político da Catalunha. De um lado fica o Palau Generalitat e do outro o Ajuntament (ou prefeitura) de Barcelona. A estação de metrô mais próxima é a Jaume I, da linha 4, mas eu fiz tudo caminhando mesmo.

Palau de la Generalitat é a sede do governo da Catalunha. No interior, o prédio apresenta aspectos de vários estilos arquitetônicos pelos quais passou ao longo dos anos. O local é aberto para visitações no segundo e quarto domingo de cada mês (exceto em agosto), das 10h às 13h30. A visita é gratuita, mas é preciso fazer um agendamento pelo site. A propriedade foi adquirida em 1400 para se tornar sede do governo, mas foi no século XVI que começou a ser reformada e ampliada.

Palau de la Generalitat visto da  Plaça Sant Jaume

Bem em frente, fica a Casa de la Ciutat, o prédio da Prefeitura de Barcelona (ou Ajuntament no nome local). O estilo do prédio também segue a linha neoclássica e tem um relógio que marca a fachada, junto com esculturas do rei Jaume I e de Joan Fiveller. Bandeiras da Espanha e da Catalunha marcam o topo de ambos os prédios da Plaça Sant Jaume.

A prefeitura também é aberta para visitas aos domingos, entre às 10h e 13h30. A visita é gratuita e permite conhecer os salões e o hall principal do prédio, decorado com obras de artistas como Miró e Pablo Gargallo. O site da Prefeitura de Barcelona é muito bom, repleto de informações sobre a cidade, dicas culturais e turísticas.

Ajuntament (prefeitura) de Barcelona

Ainda no Barri Gòtic contamos com a ajuda de um morador local para nos indicar o caminho por entre alguns dos prédios mais antigos da cidade até Carrer Paradís, que reserva um escondido pátio medieval com quatro colunas no Templo de Augusto, com mais de 2 mil anos. Quando cheguei lá já era tarde e o acesso estava fechado, mas mesmo assim deu para ter uma ideia da rara antiguidade que me cercava. 

Indicação do caminho para as colunas

No dia seguinte, troquei o Barri Gòtic pelo Raval. No final da Rambla lá estava ele, o Gato, de Fernando Botero. A escultura em bronze do gato gorducho e com feições amistosas já se tornou símbolo da cidade. Adquirido pela prefeitura em 1987, o Gato ficou perambulando pelas ruas de Barcelona até 2003, quando encontrou sua posição atual (e definitiva).


El Gato

El Raval fica na Cidade Velha e é fruto da expansão das muralhas medievais da cidade. Segui meu percurso por lá e só vi belezas!


Depois segui em direção ao Parc de la Ciutadella, na região central de Barcelona. Lugar lindo, cheio de pessoas passeando com animais, fazendo piqueniques e simplesmente aproveitando o dia leve de calor. Lá estão concentrados o Arco do Triunfo catalão, o Castelo dos Três Dragões, o Parlamento da Catalunha e um instituto de educação. Além disso, o Zoológico de Barcelona fica bem ao lado. 

A área foi uma fortaleza criada pelo rei Felipe V no século XVIII, após a guerra de sucessão espanhola. Em 1869 tornou-se um parque. Para chegar lá é só pegar a linha 1 do metrô e descer na estação Arc del Triunfo.

Castell dels tres dragons
Apresentação artística em frente ao Arc del Triunfo
Monumento al General Prim, em frente ao zoológico

Para encerrar um dia (ou todos os dias) de caminhada, nada melhor do que a agitada e bela orla marítima de Barcelona.

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

La Boqueria: gastronomia catalã

Dediquei minha sexta-feira em Barcelona para fazer uma das coisas que mais gosto: comer. hahaha Melhor ainda quando se trata de apreciar pratos típicos da gastronomia de um lugar que estou visitando - mesmo que isso signifique se arriscar numa tapa desconhecida de vez em quando ;) Para isso, não há lugar melhor em Barcelona do que o mercado La Boqueria.

Entrada do La Boqueria

Logo na entrada, a multidão impressiona. As cores, aromas e sons vão se misturando ao longo dos corredores. Entre os principais destaques (ou coisas que me chamaram a atenção, hehe) estavam as enormes peças de jamón ibérico (presunto tradicional da região), os frutos do mar e os sucos prontos e super coloridos vendidos em vários estandes. 

Multidão entrando no mercado
É jamón que não acaba nunca

A história do La Boqueria é antiga. O mercado começou como uma feira de rua na Rambla de Barcelona. Com o passar dos anos, o comércio passou a interferir no desenvolvimento urbano da região, e não foram poucas as tentativas de encerrar as atividades dos comerciantes. Foram várias andanças e etapas de construção até que o mercado se estabelecesse. 

Em 1835, com a destruição do convento de San José, o governo local planejava construir uma grande praça no local. Mas a antiga feira estava cada vez maior e não podia mais ser mantida no meio da Rambla. Foi então que decidiram construir uma estrutura de mercado na área do antigo convento. A construção do La Boqueria teve início em 19 de março de 1840, com projeto do arquiteto Mas Vilà. O mercado foi inaugurado ainda no mesmo ano. A cobertura metálica veio em 1914 e, desde então, o local vem recebendo reformas para melhorar e modernizar a estrutura.

Lógico que não sai de lá sem levar uma sacolinha cheia desses doces
Pimentas e condimentos para todos os gostos
Junto com o jamón, as lagostas e outros frutos do mar, são o principal atrativo do La Boqueria
Passei uma boa parte do dia lá. Assim, nada mais natural do que comer várias tapas (aperitivos/entradas) em mais de um estande/barraca/restaurante (nunca sei o nome apropriado para isso). Antes de viajar, li em vários blogs que era uma tradição espanhola uma tapa composta por fatias de pão cobertas por molho de tomate e temperadas com alho e azeite. Testei essa "iguaria" em todos os bares ou restaurantes que entrei (sem exceção), mas em nenhum deles senti nem sequer um traço de tempero :( De qualquer forma, não é ruim. Então compensava a tentativa, hehe. 

Até que decidi almoçar em um restaurante que estava bem cheio. Mantendo a tradição, iniciei o almoço com esses pãezinhos e depois parti para os frutos do mar. Estava tudo uma delícia! Com direito a um atendimento ótimo e amizades feitas com vizinhos de balcão. 

Uma das etapas do almoço

Uma dica para você turista amigo: não toque nos alimentos por curiosidade, e muito menos tente experimentá-los. Os comerciantes não verão isso com bons olhos e não hesitarão em te dar uma bronca. Alguns deles nem gostam que a gente tire fotos. Então, seja rápido e maroto com a câmera! E, se algo chamar mesmo sua atenção, compre uma pequena porção para experimentar. É melhor ser cordial e evitar o estresse ;)

Linguicinhas
Ovos gigantes e coloridos

Localizado na região central, mais especificamente na Rambla 91, o mercado é uma das atrações turísticas mais indicadas na cidade. Talvez por isso você possa pensar que ele é destinado basicamente a turistas e perdeu um pouco sua cara tradicional. É verdade que o local é lotado de turistas, mas nem por isso ele deixa de reunir as comidas típicas catalãs e nem o espírito animado dos moradores locais. 

No site do mercado tem um mapa ótimo com todas as barracas, divididas por segmento. Descobri que lá também são realizados alguns cursos de gastronomia. No site é possível se informar melhor e fazer a inscrição caso queira treinar seus dotes em terras catalãs. Para chegar no La Boqueria peguei a linha 3 do metrô e desci na estação Liceu, que fica praticamente em frente ao mercado. Depois da comilança fui passear pela cidade e conhecer suas famosas ramblas. Mas vou deixar esse assunto para o próximo post :) 

No dia seguinte, tentei visitar outro mercado famoso de Barcelona: o Mercat de Santa Caterina. Inaugurado em 1845, o local passou por uma reforma em 2005 e adquiriu ares bem modernos, especialmente pela sua cobertura colorida. Mas, infelizmente, quando cheguei lá ele estava fechado. Aos sábados ele fecha às 15h30 :( Para não sair perdendo como eu, vale checar no site os horários de funcionamento nos dias em que estiver na cidade. 

O jeito foi comer no restaurante delicioso que fica bem ao lado do Santa Caterina. Ali conheci duas canadenses que deram a dica do passeio que faria no dia seguinte: a vizinha e linda cidade praiana de Sitges (vai ter post sobre ela na quarta!). 
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Park Güell: pra caminhar respirando arte

No dia seguinte, fui para um dos lugares em Barcelona que não queria perder por nada: o Park Güell. Uma das atrações turísticas mais famosas da cidade tem uma história, no mínimo, curiosa. Um rico empresário catalão, conhecido por financiar outras obras de Gaudí, Eusebi Güell, pediu para o arquiteto/artista construir o projeto imobiliário de condomínio de luxo, localizado em uma área de 15 hectares no bairro de Gràcia.

A ideia inicial envolvia a construção de 40 casas, mas a procura não alcançou as expectativas e o projeto foi abandonado em 1914, apenas 14 anos após seu início. Com as áreas comuns e duas casas construídas (sendo uma deles a de Gaudí, que hoje é a Casa Museu Gaudí), o local foi vendido para a Prefeitura de Barcelona em 1918, que decidiu transformá-lo em um parque. O incrível Park Güell foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1984.

A entrada principal do parque fica na carrer d´Olot, no bairro La Salut. Mas segui o conselho da minha amiga Carina e comecei a desvendar as maravilhas desse lugar pelo lado oposto, o alto do parque. Assim, fui descendo até a entrada principal e não cansei de ter que conhecer tudo subindo, hehe. 

Peguei a linha 3 do metrô e desci na estação Vallcarca. Lá não vai ter uma onda muito grande de turistas, como eu imagino que seja na entrada principal, mas fique atento porque tem algumas placas indicando o caminho. Você vai ter certeza que chegou no lugar certo quando ver escadas rolantes. Isso mesmo! Seria muito cruel fazer todo mundo subir aquela ladeira digna de Ouro Preto, hehe.

Escadas rolantes para facilitar o acesso ao Park Güell

A melhor dica é chegar cedo para evitar o sol forte. O parque abre todos os dias, mas o horário varia conforme a época do ano, por isso é preciso checar no site antes de preparar a visita. Não é cobrado ingresso logo nessa entrada, apenas quando chegar à área monumental do parque. 

O ingresso custa 8 euros, ou 7 para quem comprar pela internet. O número de visitantes é controlado por turmas, então pode ser que você precise esperar um pouco para entrar nessa área. Mas nada que atrapalhe, afinal você pode continuar conhecendo outras áreas do parque, ou aproveitar pra descansar um pouco (a não ser que você chegue muito tarde e próximo do horário de fechamento, né. Melhor não arriscar, hehe). 

Logo no início fica o Turó de les Tres Creus, ou Calvário das Três Cruzes, onde Gaudí planejava construir uma capela. É o ponto mais alto do parque, o que rende uma bela vista de Barcelona.


Turó de les Tres Creus
Barcelona vista do Turó de les Tres Creus  
Entrada linda de uma casa que fica logo no começo da descida

A primeira obra de Gaudí com a qual me deparei são os viadutos. As estruturas recebem os nomes de Viaduto das Jardineiras, Viaduto del Algaborro e Viaduto do Museu. A explicação oficial é que o sistema de colunas e pontes foi construído para resolver o problema do desnível no terreno, servindo para passagens de pedestres e até carruagens. Mas como executar a obra com tamanha beleza, só Gaudí mesmo pra conquistar. 

Viaduto das Jardineiras
Apreciando as jardineiras
Interior do viaduto
As colunas inclinadas e retorcidas são marcas do lugar

Ao descer pela área dos viadutos, está o Casa Museu Gaudí, em que o arquiteto catalão viveu entre 1906 e 1925 e onde estão expostas obras e objetos pessoais. Para entrar é cobrado um ingresso a parte, no valor de 5,50 euros. 

Desde a entrada no Park Güell são vários os ambulantes vendendo souvenirs de Barcelona. Eu comprei apenas dois ímãs pensando que encontraria preços melhores em um lugar menos turístico, mas me arrependi porque no centro da cidade estava mais caro. Por isso, quando estiver no parque, não perca a oportunidade de adquirir suas lembrancinhas de Barcelona por lá mesmo ;) 

Turistas caminhando em frente à Casa Museu Gaudí

Logo em frente está a praça central do Park Güell, cuja proposta era funcionar como um teatro a céu aberto e palco para outras atrações culturais. A praça é inteiramente rodeada por um banco com decoração feita com pedaços coloridos de cerâmica esmaltada. 

É nesse momento que é cobrado o ingresso de 8 euros, pois tem início a área monumental do parque. Se você não tiver comprado o ingresso pela internet e nem entrado pelo portão principal (como eu), terá que caminhar até uma entrada lateral (é perto, não se preocupe) onde tem uma bilheteria.

Bancos vistos pelo lado de fora, com Sala Hipostila abaixo  

Depois de passar um bom tempo admirando os bancos da Praça da Natureza, é hora de descer as escadas em direção à imponente Sala Hipostila. O local foi pensado para servir de mercado no condomínio original (e que mercado!). As largas colunas sustentam um teto impressionante. A escolha das pedras e o formato ondulado causam um certo brilho que dá a impressão de quase "molhado". E tudo fica ainda mais bonito graças aos mosaicos de Josep Maria Jujol. 


Sala Hipostila
As quatro rosetas no teto representam as estações do ano

Mas antes de seguir para o final do passeio, vale subir novamente as escadarias e virar à esquerda para apreciar o último viaduto, o Algaborro. Ele tem um portão de ferro na entrada e uma das colunas é ocupada pela escultura de uma mulher. Além disso, a inclinação das paredes e das colunas de pedra dão a sensação de caminhar no tubo de uma onda no meio da rocha.

Viaduto Algaborro
Tubo de pedra

Quando cheguei na Praça da Natureza e avistei as duas casas construídas na entrada principal do parque, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a casa de doces da história de João e Maria. O engraçado foi ler depois que o pavilhão da entrada foi realmente inspirado nesse conto infantil! Os prédios serviriam como portaria e residência do zelador do condomínio. Hoje dão lugar a uma loja de souvenirs e ao Museu da História de Barcelona (MUHBA Park Güell). 


Cassa de João e Maria e da Bruxa Má na entrada principal do Park Güell

Uma das coisas mais legais de começar o passeio pela parte alta do parque é justamente encerrar com chave de ouro! A escadaria e a fonte com a escultura da salamandra (que algumas pessoas chamam de dragão ou de lagarto) são as mais famosas atrações do Park Güell e, consequentemente, as mais disputadas na hora da foto. A salamandra se tornou um dos símbolos de Barcelona e domina ímãs, canecas, camisetas e qualquer outro souvenir da cidade :)

Escadaria com a escultura da salamandra
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