quarta-feira, 30 de março de 2016

O incrível Museu da Imigração

O que seria da vida sem aquelas gratas surpresas que encontramos pelo caminho? Na verdade eu nem consigo imaginar, porque vivo me surpreendendo (para o bem e para o mal), principalmente nas minhas viagens. Embora eu já tenha ido algumas vezes para São Paulo, ainda faltava (e falta) muita coisa para desbravar por lá e, após o frustrante passeio de Maria Fumaça, precisava urgentemente de algo para me revigorar e para amenizar a decepção.

Esse “algo” eu, Mariana e Jalberti encontramos no Museu da Imigração do Estado de São Paulo, que descobrimos ser um dos mais incríveis da cidade. Infelizmente tivemos pouco tempo para aproveitar todas as áreas do museu, porque chegamos num fim de tarde e ele funciona só até às 17h, mas todo o tempo que passamos por lá foi bem aproveitado.


O museu está situado no antigo prédio da Hospedaria de Imigrantes, que foi inaugurado em 1887 para acolher os imigrantes de mais de 70 nacionalidades diferentes recém-chegados ao Brasil. A hospedaria, em seus mais de 90 anos de funcionamento, abrigou mais de 2,5 milhões de pessoas (entre estrangeiros e migrantes de outros estados brasileiros), além de encaminhá-las para os novos empregos, principalmente nas lavouras de café e indústrias que moveram a economia paulistana nos séculos passados. E todo o histórico da Hospedaria continua vivo através do museu.

Localizado na tradicionalíssima Mooca, na Zona Leste de São Paulo, o museu é o principal reduto de preservação da memória das pessoas que chegaram ao e do Brasil e deram a cara, a cor e os sotaques que formam nosso país. É uma oportunidade única de ir ao encontro de um passado que é parte da vida de cada brasileiro.

O prédio e os jardins são a primeira atração do Museu da Imigração, mas não conseguimos aproveitar muito porque estava sendo preparado um evento lá. E, além disso, como tínhamos pouco tempo, fomos logo para a bilheteria. O ingresso custa R$ 6 a inteira e R$ 3 a meia e aos sábados, que era o dia da nossa visita, a entrada é gratuita.

Jardim do Museu da Imigração
A exposição de longa duração do museu, intitulada “Migrar: experiências, memórias e identidades” tem oito módulos, repletos de detalhes e riqueza, como a parede de madeira em que estão gravados milhares de sobrenomes de pessoas que passaram pela Hospedaria de Imigrantes. Mesmo que você não ache o seu sobrenome entalhado lá, com certeza vai encontrar muitos nomes conhecidos, que trazem em suas essências as origens dos nossos ancestrais.


Outro ponto de destaque, que fica bem no meio da exposição permanente, é a obra de Nuno Ramos “É isto um homem?”, de 2014, que busca evidenciar, através de uma instalação, duas facetas do processo migratório: o trabalho e a dispersão das línguas.


Uma das atrações que mais gostei é a sessão dedicada a cartas e documentos das pessoas que passaram pela Hospedaria do Imigrante. Principalmente porque é possível interagir. Como? Em um grande gaveteiro você escolhe qual gaveta abrir e dentro de cada uma delas há um pedacinho da história de alguém, eternizado através de um bilhete, carta, documento – é no mínimo emocionante.


Se você quiser visitar, o Museu da Imigração fica na Rua Visconde de Parnaíba, 1316. Ele funciona de terça a sábado, das 9h às 17h e domingos, das 10h às 17h. Agora, se você não puder se deslocar até São Paulo, mas mesmo assim quer conhecer esse lugar maravilhoso e cheio de cultura, o museu também oferece um tour virtual. É só acessar esse link.
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segunda-feira, 28 de março de 2016

Um passeio de Maria Fumaça na Mooca

Um dos passeios que eu estava mais empolgada para fazer em São Paulo era andar de Maria Fumaça na Mooca. Adoro experiências que me levam para o passado porque acredito que são uma forma de se conectar com ele. Pois bem. Mariana, Jalberti e eu pegamos um metrô e descemos na Estação Brás (linha vermelha). Colocamos no Google Maps o endereço de onde a Maria Fumaça partia e andamos alguns minutos até a Parada da Rua Visconde de Paranaíba, 1253 (Oficina de Roosevelt), inaugurada em 1909. Estávamos numa parara da São Paulo Railway Company, a primeira ferrovia de São Paulo.


Lá chegando, numa modesta instalação em frente ao Museu da Imigração (que vai ganhar um post só para ele ainda nessa semana) e que atualmente funciona como oficina de manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CTPM, era necessário escolher o horário e o vagão em que gostaríamos de realizar nossa volta para o passado, que seria feita no Trem dos Imigrantes. Os passeios de Maria Fumaça são oferecidos pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABFP) sempre aos sábados, domingos e feriados, das 10h30 às 16h, com duração aproximada de 25 minutos.

O itinerário é realizado no Ramal Ferroviário dos Imigrantes e, para auxiliar na manutenção e operação do passeio é necessária uma contribuição. São dois tipos de vagões que os visitantes podem escolher: o primeiro, que custa R$ 15, é um vagão de aço da década de 1950, primeira classe. O segundo, que sai por R$ 20, é um vagão reservado, com poltronas individuais, que data de 1928.

Vagão da primeira classe 
Vagão reservado

Nós três optamos pelo vagão reservado. Pelas fotos apresentadas na recepção e a diferença de valor de apenas R$ 5, achamos mais interessante ir no vagão mais antigo, mais chique. Compramos nossos ingressos e fomos aguardar nosso passeio junto com os demais visitantes. Ali estava uma verdadeira maria fumaça! Não via a hora de enveredar pelos trilhos!


Mas toda a nossa empolgação foi por água abaixo quando entramos no trem. O que nos foi oferecido não tinha nada a ver com o que nós encontramos ao chegar ao nosso vagão. Compramos ingresso para o que está representado na foto 1. Recebemos o que está representado na foto 2. Decepção total.


Não reclamamos. Ficamos irritados, mas pensamos "o passeio vai valer a pena, não vamos arrumar confusão por causa disso". Ledo engano. Um voluntário apareceu para nos explicar sobre a história da ferrovia, sobre o passeio. Infelizmente não conseguimos entender praticamente nada do que ele disse. Primeiro porque ele parou entre nosso vagão e o vagão com as poltronas chiques e por causa do barulho ficou complicado ouvir. 

Além disso, mesmo que a intenção fosse louvável, que o rapaz fosse voluntário e estivesse cedendo seu tempo e conhecimento, ele simplesmente não conseguia explicar nada direito. Parecia que seu pensamento funcionava muito rápido, mas sua fala não. Ele deixava frases incompletas, inacabadas. Nos olhamos indignados, totalmente frustrados.

Conseguimos, no máximo, tirar algumas fotos legais. Passamos por um cemitério de vagões que, se tudo der certo, serão restaurados e agregarão muito a iniciativa desse passeio. Mas no geral, foi muito triste, porque o que mais vimos foram paisagens feias, muros de tijolos, trilhos utilizados pela CPTM. Nada do outrora glamouroso passado das marias fumaças.

Paisagens vistas da janela do trem
Cemitérios de trens
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quarta-feira, 23 de março de 2016

Um museu para todas as idades

Todo mundo sabe que São Paulo é uma cidade repleta de museus. Não faço ideia de quantos eles são, mas confesso que nunca ouvi falar de muitos deles. Até a bendita lista que Mariana me enviou me abrir os olhos para um dos mais interessantes museus paulistanos: o Catavento!

Localizado na Avenida Mercúrio, s/n, Parque Dom Pedro II, Brás, a menos de cinco minutos a pé do Mercado Municipal, ele funciona de terça a domingo das 9h às 17h, com entrada permitida até às 16h. Aos sábados, a entrada é gratuita, nos demais dias custa R$ 6 a inteira e R$ 3 a meia. Não dá para reclamar que é caro!

O prédio incrível que abriga o Catavento Cultural

Logo que entrei no site do museu, fiquei totalmente apaixonada com a descrição na página inicial deles. Faço questão de reproduzi-la aqui. “Aqui você pode tocar um meteorito de verdade, encontrar Gandhi em uma escalada, conhecer o corpo humano por dentro, entender como funciona um gerador de energia ou ainda descobrir que o Sol, visto de perto, não é tão redondo como parece quando estamos na praia. Você vai se surpreender em cada uma das 4 seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade. E entenderá como é possível aprender ciência e se divertir ao mesmo tempo. Venha nos visitar!”.

Pronto. Foi o suficiente para mim. Queria de todo o jeito ir ao Catavento. Então, depois do nosso super café da manhã no Mercadão, rumamos para lá. Logo na entrada do complexo do qual o museu faz parte, pudemos observar uma grande quantidade de famílias, com muitas crianças já se divertindo com as atrações que estão no lado de fora. Mariana e Jalberti já começaram a zoar com a minha cara, porque os tinha levado para um programa infantil.

As atrações do Catavento já começam do lado de fora do museu

Fomos até bilheteria e descobrimos que, por ser sábado, não havia custos para visitar o Catavento. Depois de pegarmos nossos bilhetes, que devem ser apresentados na entrada do prédio, fomos até um guichê para escolher atividades extras que poderiam ser feitas. Vou explicar: algumas atividades dentro do museu ocorrem com horário marcado, basta se inscrever. O problema é que todas elas têm número máximo de pessoas e, por ser dia de maior movimento por lá, muitas estavam lotadas.

Depois de muita ponderação em relação ao tempo que poderíamos passar no Catavento e as atividades disponíveis, ficamos com uma sobre nanotecnologia. Aí fomos curtir o museu antes de a nossa sessão começar. Posso dizer que o lugar é ideal para uma família com crianças, mas Jalberti, Mariana e eu nos divertimos muito.

A seção sobre o Universo é uma das mais interessantes e a balança em que é possível calcular seu peso em todos os planetas do Sistema Solar e na lua foi inesquecível. Descobri que deveria morar na lua, onde meu peso seria o ideal, porque aqui na Terra, a coisa foi tensa!

Maquete do Sol: aprendi que realmente ele não é tão redondo quanto parece

O museu tem bastante interação, o que torna o passeio ainda mais gostoso. Imagina tocar um meteorito de mais de seis mil anos, que foi descoberto na Argentina em 1576? Ou explorar uma caverna, que embora seja cenográfica, faz você se sentir dentro de uma de verdade?

Ah! O meteorito é gelado!
Caverna cenográfica

Então havia chegado a hora da nossa sessão sobre nanotecnologia. Eu tinha apenas uma vaga noção do que era nanotecnologia, do tipo “tem a ver com coisas muito pequenas”. No Catavento eu aprendi que ela estuda a manipulação da matéria numa escala atômica e molecular. Assistimos a um vídeo explicativo e interagimos com os monitores da sala sobre o assunto, tudo muito interessante e enriquecedor e, claro, de forma lúdica e simples.

Mas me intrigava uma cortina preta que claramente estava escondendo alguma coisa! Quando ela foi aberta, quatro imensas estruturas para jogos eletrônicos nos foram apresentadas. Os participantes foram divididos em grupos e cada um ocupou uma das estruturas. Depois de utilizar uma delas, os grupos trocavam para outra, de modo que todos conheceram cada uma. As quatro possuíam jogos eletrônicos com o tema nanotecnologia. Depois da explicação do monitor sobre como jogar, nos entregamos à diversão.

Resultado: no final, os três estavam muito felizes e nem queriam ir embora. Só queríamos jogar e jogar e jogar! Bem feito para Jalberti e Mariana, que ficaram zombando de mim no começo do passeio porque os tinha levado para um programa infantil!

No Catavento, pegamos informação sobre como chegar até nossa próxima parada e o deixamos para trás. Claro que fomos parar no lugar errado, porque se perder na pauliceia desvairada não é difícil, mas no fim deu tudo certo!
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segunda-feira, 21 de março de 2016

Um novo olhar sobre o Mercado Municipal, uma lista e um pastel

Agora sim vamos partir para a viagem que Mariana, Jalberti e eu fizemos para São Paulo no final de 2015. No pré-roteiro, cada um deu os seus pitacos e eu consolidei tudo da melhor forma possível, para atender às vontades dos três. Tive que me desdobrar horrores, porque cada um queria ir num lugar mais fora de mão que o outro. Também procurei agregar o máximo possível as linhas de metrô, pois são as formas mais eficientes para ir e vir!

Roteiro nas mãos era hora de decidir onde ficar dessa vez. Mariana e eu temos família por lá e todos temos amigos morando em São Paulo. Acabamos optando (leia-se, nos oferecendo) por ficar na casa de um casal de amigos do Jalberti, Érika e Deangeli, que foram excelentes anfitriões, junto com suas gatas lindas e gorduchas Sofia e Jolie.

Mariana chegaria do Rio um dia antes e ficaria na casa dos tios até nós chegarmos de Londrina. Mas claro que deu tudo errado e ela teve que ir pra um hostel, que eu encontrei correndo pelo Google. Não vou mencionar nada sobre o local, porque Mariana o odiou com todas as forças.

Jalberti e eu acabamos optando por ir de ônibus porque as passagens de avião estavam exorbitantes. Pagamos R$ 110,60 cada e fomos num ônibus noturno da Viação Garcia, que chegaria à São Paulo por volta de 6h da manhã. Descemos na Barra Funda exaustos porque não conseguimos pregar o olho a noite toda por causa do barulho que alguns passageiros sempre fazem nas viagens. Compramos créditos para o metrô e fomos para a casa da Érika, no bairro de Santa Cecília. Matamos as saudades (eu já havia conhecido Érika numa viagem que ela fez à Londrina) e esperamos a chegada da Mariana.

Com os três reunidos, nós demos início ao roteiro. Érika estava passando mal e não foi conosco. A primeira parada foi o Mercado Municipal. Como assim? Você deve estar se perguntando. Afinal falei sobre o Mercadão no começo dessa série, como um local para conhecer numa primeira visita a São Paulo. Sim, continuo achando que é mesmo (confira o primeiro post sobre o Mercadão aqui). Todos já conhecíamos o Mercado, mas dessa vez fomos até lá com um objetivo específico e inédito.

Vou explicar melhor. Mariana achou uma lista feita pelo Marcelo Tas com 50 coisas imperdíveis para se fazer em Sampa. Até aí, tudo bem. Mas ela teve a infeliz ideia de me mandar essa lista. Eu sou a maníaca das listas. Amo listas! Aí já viu né? Tentei encaixar um monte de coisas dessa lista no nosso roteiro. O critério era apenas que a atividade deveria ser inédita para os três. E posso dizer que até fui bem sucedida, dado o curto espaço de tempo que tínhamos.

Acontece que um dos itens compilados na bendita lista era comer pastel no Mercado Municipal de São Paulo. Todos nós já tínhamos comido o carro-chefe do lugar, o famoso (e delicioso) sanduíche de mortadela, mas nunca havia passado pela nossa cabeça ir até lá e comer pastel.

Mas como o Mercadão estava no meio do caminho para um dos destinos que escolhi para essa viagem, decidimos dar uma passada por lá. Dividimos um táxi (que acabaria custando o mesmo preço de três passagens de metrô) até a Rua 25 de Março. De lá seguimos a pé porque, obviamente, o transito estava impossível.

Para quem nunca foi até lá e não acompanha o blog rsrsrs, o Mercado fica na Rua da Cantareira, 306 (duas quadras abaixo da 25 de Março) e funciona de segunda a sábado das 6h às 18h e domingos e feriados das 6h às 16h.

Passeamos pelas barracas procurando uma que vendesse pastel. Achamos várias. Pelo visto a iguaria também é famosa por lá, só nós que não sabíamos. O mais tradicional dos pastéis vendidos no Mercado Municipal é o de bacalhau, por isso Mariana e eu optamos por ele. Jalberti detesta bacalhau, então escolheu um de pizza.

O boteco que escolhemos para comer foi o Famiglia Rivitti, nos boxes J20 a J22. Os pastéis custam em média R$ 15 e são enormes. A massa estava sequinha e o recheio, caprichado. Era tão grande que eu não consegui comer tudo, mesmo tentando avidamente. De barriga cheia, fomos ao nosso próximo destino, que fica para outro post.

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sexta-feira, 18 de março de 2016

Música, beleza e história na Sala São Paulo

Inspiração zero. Foi assim que me vi tentando escrever o post de hoje. Mas foi só me decidir por falar sobre a Sala São Paulo que tudo mudou de figura. Considerada uma das dez melhores salas de concertos do mundo, a Sala São Paulo é a casa da Osesp, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Nada como ouvir um concerto nesse local que tem uma acústica incrível.

Primeiro vou falar um pouquinho da história desse lugar. Assim como o prédio da vizinha Estação Pinacoteca (post aqui), o edifício onde a Sala São Paulo está, foi projetado para uso da Estrada de Ferro Sorocabana. O projeto coube ao arquiteto Christiano Stockler das Neves, em 1925. Mas apenas em 1938 seria inaugurado, com seus detalhes em estilo Luís XVI e o nome de Estação Júlio Prestes, homenagem ao ex-presidente (que não assumiu seu cargo devido a Revolução de 1930) Júlio Prestes de Albuquerque.

O estilo Luís XVI pode ser visto nos arcos das grandes janelas, nas colunas, nos detalhes na torre do relógio. Estações norte-americanas como a Grand Central e a Pennsylvania também serviram de inspiração para a construção do edifício.


Depois da queda do café, durante muito tempo algumas áreas do local passaram a ser utilizadas para realização de eventos e festas, quando, em 1997 a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo assumiu o controle para transformar o prédio num complexo cultural. Hoje, além da sede da Secretaria, a antiga estação abriga uma linha da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a Sala São Paulo.

Não acho que seja interessante conhecer a Sala São Paulo sem a visita monitorada, pelo menos para mim. Eu poderia até entender a importância do prédio como local histórico, mas provavelmente, jamais compreenderia todo o processo para a criação da sala, o porquê dela ter uma acústica muito superior a outros lugares, como ela funciona.

Ah, mas fazer visitas guiadas é caro, você poderia argumentar. Então digo que as visitas à Sala São Paulo custam R$ 5 durante a semana e são gratuitas nos fins de semana. De segunda a sexta, há visitas às 13h30 e às 16h30. Aos sábados, o horário é 13h30 e domingos às 13h. Para grupos acima de 10 pessoas é preciso agendar. O e-mail é o visita@osesp.art.br e o telefone (11) 3367-9573.

Mesmo antes de entrar na Sala propriamente dita, os detalhes internos da arquitetura já chamam a atenção: os arcos, as colunas, o vitral. O restauro do prédio da Estação Júlio Prestes e a adaptação para receber a Osesp couberam ao arquiteto Nelson Dupré, que fez um trabalho lindo.


Entrando na Sala São Paulo, não há muito como descrever a beleza que reina por lá. É a perfeita harmonia entre o antigo e o moderno. Entre concreto e madeira. O forro é móvel, um dos detalhes para a acústica inigualável. Mas na visita guiada, é possível aprender que há inúmeros outros detalhes que fazem a excelência da sala. Desde as disposições dos balcões, o posicionamento do palco até os desenhos das poltronas são importantes para o processo da acústica. Se cada um desses pequenos detalhes fosse negligenciado, a Sala São Paulo não seria "a" Sala São Paulo.


Mas melhor que conhecer a sala e aprender sobre sua construção, sua acústica, sobre a Estação Júlio Prestes é poder ouvir a Osesp tocando lá. Imagina a minha felicidade quando descobri que no dia seguinte ao da minha visita à Sala haveria uma apresentação da orquestra?

Nem eu nem ninguém do grupo com quem eu estava pensou duas vezes. Todos compramos ingressos e, no dia seguinte, lá estávamos nós, prontos para ouvir o que, obviamente, foi o concerto mais lindo que eu tive a honra de presenciar.

Então, se você puder conciliar uma visita monitorada com uma apresentação, não perca tempo e vá! Ah! em tempo: não é só a sinfônica que se apresenta por lá. Então se você não é muito fã desse tipo de música, não se preocupe. A programação pode ser conferida aqui. E, do mesmo jeito que visitar a Sala não é caro, ver uma apresentação também não o é! Tem preços muito acessíveis e apresentação gratuitas! Assim não há desculpa para não ouvir boa música!
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quarta-feira, 16 de março de 2016

O sanduíche de mortadela, um ícone paulistano

Quem me conhece sabe que uma das coisas que eu mais gosto nessa vida é comer bem. Sempre que eu viajo vou atrás de lugares considerados típicos para experimentar a gastronomia local.  Em São Paulo não foi diferente. Óbvio que em uma cidade tão grande e com tanta boa gastronomia, há muito que experimentar.

Mas existem algumas coisas, mesmo em uma cidade com alguns milhões de habitantes como São Paulo, que são considerados ícones. Com o Mercado Municipal não é diferente. E qual é a primeira coisa que vem à cabeça de uma pessoa apaixonada por comida quando ouve falar no Mercadão? Exato. Sanduíche de mortadela. Pão francês. Mortadela. Muita mortadela! de preferência com um refrigerante geladinho para acompanhar!


Vou confessar: não sou fã número um de mortadela. Mas esse bendito sanduíche tem alguma coisa que faz com que ele seja muito bom. Muito maravilhoso. Muito gostoso. Então, como ir à Sampa, principalmente se for a primeira vez, e não fazer uma parada no Mercado Municipal para degustar essa iguaria?

Vai um pedaço?

Mas onde comer? Isso eu não vou determinar. São muitos os lugares que vendem o sanduíche. Tem lugares mais simples na parte de baixo do Mercadão e os mais sofisticados, que ficam no mezanino. Sempre achei que o preço varia mais do que a qualidade dos sanduíches oferecidos por lá, mas o ideal é dar uma volta por todo o mercado e descobrir um lugarzinho que te agrade e só aí parar para comer.

Agora, deixe-me falar um pouco do Mercado Municipal em si. Se você já leu algum outro post que o Duas Maris fez sobre São Paulo, já deve imaginar a quem coube o projeto do prédio do Mercadão. Claro, ao escritório de Ramos de Azevedo. Inaugurado em 1933, o edifício conta ainda com vitrais do russo Conrado Sorgenicht Filho, que só no Brasil, fez vitrais de mais de 300 igrejas.

Detalhe da arquitetura externa do Mercado Municipal

Com mais de 12 mil metro quadrados, o local abriga quase 300 boxes, que vendem uma infinidade de coisas. De frutas, legumes e verduras, a peixes e frutos do mar, passando por carnes, massas, laticínios, bebidas, doces, embutidos, oleaginosas... sem contar nos espaços para provar inúmeras delícias da culinária da capital paulistana.

Chegar até o Mercadão é muito fácil, principalmente porque ele fica próximo à rua mais movimentada da capital, o formigueiro humano chamado 25 de Março. Se você quiser aliar um dia de compras à ida ao mercado, é muito tranquilo – mas como a minha visita foi restrita a um domingo, dia em que as lojas estão fechadas, não foi o que fiz. O endereço do Mercado Municipal é Rua da Cantareira, 306. O horário de funcionamento é de segunda a sábado das 6h às 18h e domingos e feriados das 6h às 16h.
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segunda-feira, 14 de março de 2016

Saudosismo, tristeza e esperança: Museu da Língua Portuguesa

Um post saudosista. Um post triste. Mas um post esperançoso de que o Museu da Língua Portuguesa vai se reerguer das cinzas. Literalmente. Acho que todo mundo sabe que infelizmente o museu ardeu em chamas no fim de 2015, matando o bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz, que tentou controlá-las. Um alento é que o prédio possuía seguro contra incêndio e que tem muita gente mobilizada pela reconstrução desse lugar incrível.

Sou muito grata por ter visitado o Museu da Língua Portuguesa algumas vezes. Por ter podido vivenciar sua exposição permanente e algumas das temporárias. Por ter conhecido o único museu do mundo dedicado a uma língua. Por isso esse post. E porque tenho certeza de que logo logo ele estará em atividade novamente.

Estação da Luz, onde funcionava o Museu da Língua Portuguesa
Incêndio no Museu da língua Portuguesa (foto Reprodução/G1)

Como pessoa, amo a nossa literatura, nossas palavras. Como jornalista, amo o português e toda a riqueza dessa língua. Como seria diferente? Como não amar o barroco, o arcadismo, o romantismo, o realismo, o modernismo? Como não ser louca por quem escreve nessa língua como Machado de Assis, Fernando Pessoa, Clarice Lispector, José Saramago, Jorge Amado, Camões e tantos outros mestres e mestras? Por isso o Museu da Língua Portuguesa era (e vai voltar a ser) um dos meus lugares preferidos no mundo.

Inaugurado em 2006, no magnífico prédio da Estação da Luz, o museu rapidamente tornou-se um dos mais visitados do país. E não é para menos. Repleto de interatividade, ele possuía tecnologia de ponta para apresentar seu conteúdo. Tudo lá dentro oferecia uma experiência sobre nosso português. Até os elevadores. Dentro deles, tocava um mantra de Arnaldo Antunes repetindo as palavras “língua” e “palavra” em diferentes idiomas, já anunciando ao que esse museu era dedicado. Dos elevadores também era possível ter uma visão total da “Árvore de Palavras”, escultura de Rafic Farah com 16 metros de altura.

No primeiro andar, ficavam as exposições temporárias. Quando o fogo consumiu o lugar, a exposição era sobre Câmara Cascudo, o mais importante nome da cultura do Rio Grande do Norte e um dos mais importantes do Brasil. Ela deveria durar até fevereiro de 2016.

Cartaz da exposição de Câmara Cascudo (foto Museu da Língua Portuguesa)

Já no segundo andar ficavam as apaixonantes exposições permanentes. Entre elas, a “Grande Galeria” com sua tela de mais de 100 metros de comprimento passando sem parar e simultaneamente filmes sobre nossa língua e seu papel na vida das pessoas, o “Mapa dos Falares” em que, a partir do mapa do Brasil era possível escolher determinado lugar e ver e ouvir depoimentos de pessoas do local selecionado e o “Beco das Palavras”, com seu jogo interativo em que os participantes podiam brincar com as palavras (era o meu lugar preferido naquele museu, onde eu voltava a ser criança e aprendia muito sobre português).

No terceiro andar, outro cantinho que eu amava era a “Praça da Língua”, que como é descrita no próprio site do Museu, era um tipo de “Planetário da Língua”, com projeções em imagens e áudio mostrando uma antologia da literatura em língua portuguesa, com curadoria de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski. Sabe aquele filme que sempre gostamos de rever? Assim era a “Praça da Língua” para mim. Ouvi e vi a antologia algumas vezes, mas nunca enjoei.

Trecho de Nelson Rodrigues na "Praça da Língua". Desculpem pelo flash.

Esse lugar, tão querido por mim e por tantas outras milhões de pessoas (só em seus primeiros três anos de funcionamento mais de 1,6 milhão de pessoas visitaram o museu), pode até estar temporariamente "fora do ar". Mas com todo o empenho em sua reconstrução com certeza logo reabrirá as portas. Espero ansiosamente por isso. Espero poder voltar lá mais uma, duas, três, dez vezes. Porque tenho certeza de que o Museu da Língua Portuguesa voltará a operar com todo o seu dinamismo, interatividade e paixão por nossa língua. Despeço-me com a mais linda palavra do português: saudade!
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