sexta-feira, 1 de julho de 2016

Hard Rock Cafe Curitiba: o primeiro e único no Brasil

O Hard Rock Cafe era praticamente uma lenda para os brasileiros. Caso um de nós quisesse frequentar o icônico point, precisaria viajar para o exterior. Precisava. Porque em 2015 a famosa e badalada rede que tem uma guitarra como símbolo, abriu a primeira unidade em terras tupiniquins. Mais precisamente na capital paranaense, no charmoso bairro Batel.

Então, em minha última viagem a Curitiba, acabei parando por lá. Bem por acaso, pois o lugar não era nosso destino para o almoço. Depois de muito ponderar, eu, primos e amigos decidimos ir a um restaurante qualquer. Mas chegando ao local ficamos intimidados pela quantidade de carros de luxo parados em frente e resolvemos que o Hard Rock seria uma opção melhor. Na verdade o tal restaurante ficava muito próximo ao Hard Rock, então eu acho que tudo não passou de uma armação do primo anfitrião para nós levar até lá. Mas não pense que eu estou reclamando. Nem em um milhão de anos eu reclamaria.


Chegamos e não havia mesa. Sentamos no bar para um chopp e eu ainda aproveitei para ir até a lojinha. Dica: se você não pretende gastar com souvenires passe longe dessa loja. É uma tentação espetacular. Eu saí com uma camiseta, com um chapéu (meu xodó desde o primeiro olhar) e com um limite muito menor no cartão de crédito.

Depois do chopp, fomos levados para uma mesa no segundo andar da casa. O cardápio possui opções das mais variadas e fica até difícil escolher algo. Já vou adiantar que o preço - para os meus padrões de viajante pobre sempre sem grana - são salgados, mas como não pretendia voltar ali tão cedo, paguei com gosto. Até porque os pratos são maravilhosos e, se tem coisa que amo, é comer bem.

A minha pedida foi o New York Strip Steak (R$ 59,80). O cardápio o descreve como um suculento corte de carne de raças britânicas (340g) grelhado ao ponto que o cliente preferir. Coberto com manteiga de ervas e servido com purê de batatas e vegetais do dia. Por mais R$ 18,90 é possível adicionar uma porção de camarão. Eu troquei os vegetais do dia por batata frita (será que eu gosto de batata?) e adicionei os camarões. Confesso que fiquei decepcionada pois esperava muitos camarões e eles eram poucos. Porém o prato estava tão gostoso que nem me atrevi a falar nada.


O Robson (meu primo anfitrião) tinha um cupom de desconto e o usou para pedir Tupelo Chicken Tenders (R$ 36,75) que são pedaços de peito de frango empanados e servidos com molhos Honey Mustard e Hickory Barbecue. Para dele, o prato saiu por R$ 5.


Alguém (ou alguéns - tenho quase certeza que mais pessoas pediram esse prato) pediu um Hickory Barbecue Bacon Cheeseburguer (R$ 39,75), que leva  hambúrguer de raças britânicas de 220g, regado com molho Hickory Barbecue e coberto com cebolas caramelizadas, queijo cheddar, bacon, alface americana e tomate. E, claro, não podiam faltar batatas fritas para acompanhar.


Após termos comido muito bem, ainda tinha espaço para a sobremesa - não sei como, mas tinha. Leandro (meu primo não-anfitrião) já havia provado o Hot Fudge Brownie (R$39,90) e recomendou. Eu realmente preciso falar sobre essa sobremesa. Simplesmente divina. E enorme. Tão grande que Leandro e eu dividimos uma e a Fernanda e o Teófilo dividiram outra e foi mais que suficiente para todos.

Hot Fudge Brownie é um brownie de chocolate servido em uma taça enorme com sorvete de baunilha, chantilly, nozes, cereja marrasquino, chocolate granulado e hot fudge.


Para fechar com chave de ouro essa minha primeira vez no Hard Rock, ainda teve um flash mob bem divertido feito pelos funcionários da casa. Só não me perguntem onde foi parar o vídeo que eu gravei, pois não consegui achá-lo de jeito nenhum.
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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Poco Tapas, o restaurante mais incrível de Curitiba

Já ouviu falar de gastronomia molecular? A primeira vez que eu ouvi falar disso foi assistindo no Fantástico o quadro "O Mago da Cozinha", em que o chef Felipe Bronze preparava pratos inusitados para convidados vendados. Mas nessa época eu não sabia que as façanhas dele eram chamadas de gastronomia molecular. Até essa experiência incrível vir parar na minha realidade levou muito tempo.

Em uma viagem à Curitiba no final de 2015 eu, primos e amigos fizemos reserva no Poco Tapas, seguindo a sugestão de uma amiga de uma prima - a qual não conheço mas a quem agradeço muito. Foi aí que eu aprendi que gastronomia molecular é a "ciência que estuda os fenômenos físico-químicos que ocorrem no ato de cozinhar, garantindo melhor qualidade nutricional, maior precisão nos gestos culinários e melhor sabor, com novas texturas para os alimentos". Isso, de acordo com o que estava escrito no cardápio do restaurante. Mas traduzindo: a gastronomia molecular altera o estado dos alimentos, de líquido para sólido, por exemplo.

Mesmo antes de chegar ao restaurante, localizado numa instalação discreta na Avenida Vicente Machado, 2786, no Batel, todos já estavam empolgadíssimos com as novidades que experimentaríamos. Quase passamos batidos pela fachada simples, mas ao entrarmos, o ambiente aconchegante conquistou a todos.

O restaurante trabalha com um menu degustação, sendo dez pratos salgados e cinco sobremesas. E, mesmo em se tratando de tapas, saímos empanturrados de lá. Mas antes de começar a falar sobre o cardápio tenho que compartilhar com vocês sobre o Pikachu. Mesmo se o Poco Tapas fosse um restaurante horrível - o que nem de longe é verdade - a noite teria valido a pena só pelo Pikachu, o garçom que nos atendeu. Simpaticíssimo, engraçado ao extremo, atencioso, brincalhão - impossível não amá-lo e não sair do restaurante com a alma mais leve.

Mas vamos ao que realmente interessa: o cardápio exótico do chef Fábio Mattos, que é uma experiência para todos os sentidos. Os tapas servidos mudam diariamente, o que torna cada visita ao local única. Começamos escolhendo nossas bebidas. A pedida foi Caipirinha Molecular: esferificação de cachaça servida com pó de limão e açúcar verde. De encher os olhos e o paladar. Em seguida pedi uma Sangria Espanhola, que leva vinho cabernet, licor de laranja, conhaque e frutas tropicais e é uma das especialidades da casa. Simplesmente deliciosa.

Caipirinha molecular 
Sangria espanhola

Então o show de pratos teve início. Alguns eram finalizados pelo chef na própria mesa, em outros ele vinha até nos para explicar o conteúdo. Estávamos em seis pessoas e decidimos dar nota para cada prato e depois eleger o mais gostoso. Uma brincadeira divertida que animou ainda mais nossa noite. Ah! Se você tiver alguma restrição: é vegetariano, tem alergia a frutos do mar, é intolerante à lactose, por exemplo, basta avisar que cada prato será adaptado às suas necessidades.

Não vou falar de todos os pratos detalhadamente para esse post não ficar infinito. Vou me deter em quatro dos que mais gostei. Um deles leva salmão fresco, que é selado e coberto com queijo caseiro feito com tinta de lula, ervas e camarões frescos e é queimado (literalmente) com páprica, o que dá aroma e gosto diferenciados ao queijo.


O segundo é queijo de cabra empanado e frito, servido com espuma feita só de nozes, um gel somente de salsinha, marshmallows feitos apenas de cenoura e molho de tomate. Outro é uma lula frita, com sauté de vegetais orientais, vinagrete de gengibre e açúcar mascavo e por cima um espaguete molecular feito apenas de shoyu. O último é um purê de aipim amanteigado, coberto com sobrecoxa de frango, enrolado com um gel feito de shoyu e laranja e com raspas de uma pimenta que até hoje eu não consegui entender qual é (sorry). Todos geniais!


Agora as sobremesas. Ao contrário dos pratos, que são servidos um por um, as sobremesas vem juntas - exceto a mais especial delas, da qual já vou falar. No nosso menu degustação teve queijada tradicional de coco, com massa de queijo brie com um bolinho de frutas vermelhas em baixo para quebrar o adocicado. Teve ainda soverte de milho com ganache e uma releitura de bolo de cenoura. Teve também tiramisu (sem café), com frutas silvestres e queijo mascarpone (feito na casa pelo chef), pedacinhos de frutas vermelhas e bolacha champagne e ainda teve pudim Jack Daniels: pão croissant, passas e nozes e calda de caramelo feita com muito whisky. Todas deliciosas (até a que tinha o sorvete de milho - eu detesto milho)!



Agora a mais especial de todas: a pipoca bafo de dragão! É uma pipoca caramelizada, congelada em nitrogênio líquido a -196º, que não queima a língua. Quanto mais mastigar, mais fumaça vai sair pelo nariz. Muito show! Não tiramos foto dessa, fizemos apenas vídeos (mas não pedi autorização aos envolvidos para publicar, então...), por isso "roubei" uma foto do site do Poco Tapas (espero que ninguém fique bravo comigo).



Uma observação: um dos meus primeiros pensamentos ao chegar foi que como o restaurante é bem pequeno e a procura grande, haveria fila e seríamos "apressados" a comer, como acontece em muitos estabelecimentos badalados por aí. Mas não. Nossa mesa nos foi reservada para a noite toda, para comermos sem pressa e com muita tranquilidade. Por isso é importante reservar antes (o Poco Tapas funciona de segunda a sábado, a partir das 19h. O telefone é (41) 9682-8758 e o e-mail info@pocotapas.com.br). O preço do jantar com bebidas foi cerca de R$ 100 por pessoa.


Ah! não podia deixar de tirar uma foto com o melhor garçom do universo, o Pikachu!
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segunda-feira, 27 de junho de 2016

Os tesouros naturais do Parque Estadual de Vila Velha

Quando se fala em turismo no Paraná, Ponta Grossa não é uma cidade que venha fácil à mente. As pessoas pensam primeiro nas Cataratas, na capital, nas praias. Mas a cidade localizada na região dos Campos Gerais e com pouco mais de 300 mil habitantes possui alguns encantos incríveis. O mais famoso deles é o Parque Estadual de Vila Velha e é sobre esse lugar privilegiado pela natureza que o Duas Maris vai falar hoje.

O parque foi criado para proteger as formações dos seus sítios geológicos: os Arenitos (formações rochosas com formas diversas), as Furnas (grandes crateras com vegetação exuberante e água de lençóis subterrâneos em seu interior) e a Lagoa Dourada (que fica com tons dourados ao pôr-do-sol).

Eu estava em Ponta Grossa passando um fim de semana na casa de um casal de amigas e a visita ao parque foi unanimidade entre nós. Assim, num sábado ensolarado pegamos o carro e rumamos pela BR-376 até chegar ao km 28 a partir de Ponta Grossa - o parque oferece estacionamento gratuito aos visitantes. Se você não estiver de carro, há ônibus no Terminal de Oficinas, a linha é a Vila Velha.

Chegando lá é possível comprar ingressos separadamente (R$ 10 para os arenitos e R$ 8 para furnas e lagoa dourada) ou para a visita completa ao parque (R$ 18). Se você tiver tempo, aconselho visitar as três atrações pois todas são lindas e interessantes. Estudantes e residentes em Ponta Grossa com comprovante de luz ou água ou com título de eleitor pagam meia-entrada. Pessoas acima de 60 anos, portadores de necessidades especiais e crianças até seis anos não pagam.

Arenitos


Como tínhamos o sábado todo, optamos pelo ingresso completo. Nossa primeira aventura foi o caminho que passa pelos arenitos. Um guia acompanha e explica sobre a formação dos arenitos (mas acabamos perdendo as explicações porque estávamos com uma criança pequena conosco e não conseguimos seguir o ritmo dos demais).

Há duas trilhas para serem feitas, uma maior, com mais de 2,5 km e outra com pouco mais de 1 km. Optamos pela trilha mais curta. O grau de dificuldade é baixo e essa trilha contempla as principais formações rochosas. Mesmo perdendo as explicações do guia, há placas por toda a trilha com orientações.

Início da trilha dos arenitos

As formações geológicas de Vila Velha remontam há aproximadamente 340 milhões de anos - no chamado período Carbonífero, quando a América do Sul ainda estava ligada à África, à Antártida, à Oceania e à Índia. Esse período foi durante a Era Paleozoica (que conforme você aprendeu no colégio foi aquela em que quase todos os filos animais atuais e extintos apareceram e também a em que ocorreu a extinção maciça de aproximadamente 90% de todas as espécies de animais marinhos).

Então, foi nessa época remota que toda a região estava submersa pelo mar. Mar? Em Ponta Grossa? Exatamente. Acontece que esse mar foi drenado e assim as formações que estavam até então submersas foram aparecendo e revelando sua coloração avermelhada devido ao óxido de ferro, que foi cimentado junto ao arenito.

Coloração avermelhada dos arenitos é perfeitamente visível

Com um pouco de imaginação (às vezes muita) é possível encontrar formas inusitadas nas rochas, que têm em média 20 metros de altura. Algumas figuras são mais fáceis de serrem visualizadas, como a "taça", que é o cartão-postal do parque. Impossível não se divertir e não se impressionar com o que a força do tempo, das águas e dos ventos conseguiu construir.

Meio encoberto pela vegetação, o "camelo"
A "garrafa"
A "taça," cartão-postal de Vila Velha

Depois da trilha dos arenitos, voltamos para a sede da administração do parque para esperarmos nosso passeio para as furnas e a lagoa dourada. Esse passeio tem horários determinados então é preciso se programar para não perder a oportunidade.


Furnas e Lagoa Dourada


Nossa próxima parada foi nas furnas, que são na realidade poços de desabamento com forma circular e paredes verticais repletas de vegetação. Na região dos Campos Gerais são conhecidas 14 furnas, sendo que seis estão em Vila Velha. A trilha para as furnas abertas à visitação é bastante fácil e acessível. É simplesmente incrível o tamanho dos buracos, a água no fundo e as paredes cobertas de verde.


Antigamente havia um elevador que descia até o fundo de uma das furnas, chegando bem pertinho das águas que emergiram do subterrâneo. Porém, por falta de manutenção ele não funciona mais - pelo menos é possível ir até o elevador para ver melhor o buraco da furna.

Lá embaixo é possível ver a estrutura até onde o elevador descia

Após as Furnas, nosso último destino em Vila Velha foi a Lagoa Dourada. A lagoa é uma furna em estágio terminal, que foi recebendo sedimentos ao longo de milhões de anos e ficou assoreada. Hoje sua profundidade máxima é de três metros - muito diferente das outras furnas que visitamos.

A água da lagoa é cristalina, sendo possível ver seu fundo e os peixes nadando tranquilamente. Ela recebeu o nome de Lagoa Dourada pois, ao pôr-do-sol, suas águas refletem as cores do céu e sua coloração fica da cor do ouro. Infelizmente não conseguimos apreciar esse fenômeno, até porque o parque funciona das 8h às 15h30 (diariamente, exceto às terças-feiras, quando o parque é fechado para manutenção). Uma pena, mas mesmo sem estar dourada a lagoa é linda e vale muito a visita.

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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um abraço aos uruguaios

Sabe aqueles lugares que, sem nenhuma razão específica ou óbvia, sempre tiveram um espaço no coração... aquela sensação de pertencimento? O Uruguai é esse lugar pra mim. O carinho por esse vizinho teve influências literárias, históricas, políticas, culturais, gastronômicas e até futebolísticas. Na volta da minha segunda viagem por lá a única coisa que pensava é que queria abraçar todos os uruguaios e não soltar mais, haha. É muita gentileza, simpatia, ternura e camaradagem pra um povo só! 

O que mais me agrada é a sensação de que é um povo que sabe aproveitar os dias, que encontra na simplicidade a qualidade de vida. Todos, sem exceção, para quem pedi informação na rua foram super solícitos. E não foram poucos os que mudaram sua rota para me mostrar o caminho, ou deixaram de pegar o ônibus para aguardar o que seria pra mim e garantir que eu pegasse o certo. Sim, true story! Isso sem contar a sensação de segurança constante em qualquer lugar e horário; e as inúmeras belezas naturais. Ainda preciso voltar para conhecer Cabo Polônio, já que o clima não me favoreceu dessa vez, e quem sabe fazer a sonhada viagem de carro pela costa uruguaia.

Pra me despedir apropriadamente de Montevidéu nada melhor do que um tour por alguns bares da cidade. E ninguém melhor pra indicar o caminho do que um jornalista. Afinal, o Strozi já tinha mapeado os botecos da capital em um mês de moradia por lá, hehe. A ideia principal era conhecer o famoso e tradicional bar Fun Fun. Mas para não chegar lá muito cedo (lembrando que a noite no Uruguai começa muito tarde, bares depois das 22h e baladas lá pelas 2h), começamos pelo Bar Andorra

Com 36 anos de tradição, o Andorra é um daqueles botecos simples que a gente ama, com as clássicas mesinhas na calçada, atendimento simpático e aquela clientela que já é amiga. O bar fica na esquina das ruas Canelones e Yaguarón, servindo cervejas e tapas variadas. Funciona de terça a sábado, a partir das 20h. Lembra o que eu dizia sobre os uruguaios, pois é, o garçom já tinha virado brother do Strozi, ajudando-o a encontrar um apartamento para alugar :)

Depois seguimos caminhando em direção ao Fun Fun. Fundado em 1895 por Augusto López, é o bar mais tradicional da capital uruguaia. Com decoração cheia de referências esportivas, o local está sempre cheio, mesmo em dias de semana, por pessoas atraídas principalmente pelos shows de tango ou candombe (uma espécie de salsa uruguaia de origem africana). Uma coisa que você não pode deixar de fazer ao ir até lá é provar a Uvita, um licor de uva tannat que só é vendido lá. A produção e seus ingredientes são guardados em segredo pelos donos da casa. Vale muito a pedida!
  
Célebres artistas da era de ouro do tango frequentavam o bar, como o próprio Carlos Gardel. Depois da fama, o Fun Fun passou a ser parada obrigatória pra vários outros artistas que visitam Montevidéu. Em agosto de 2014, o bar deixou o antigo endereço mudou-se para rua Soriano, número 922, na Ciudad Vieja, funcionando das 20h às 2h30. Só uma dica: leve dinheiro! Eles não aceitam cartão por lá, pelo menos por enquanto, e cobram um couvert artístico de 200 pesos por pessoa - pouco mais de 20 reais. 


Como saímos de lá ainda com disposição para uma saideira, seguimos até próximo à rambla Gran Bretaña onde fica o bar La Ronda. Fizemos todo esse percurso caminhando, inclusive quando voltei para o hostel, e foi tudo muito tranquilo. Mesmo com as ruas desertas, não havia sensação de perigo. Me surpreendi quando chegamos nessa área pois estava bem movimentada, com dois bares, um ao lado do outro, e várias pessoas em frente, nas calçadas, tomando cerveja e conversando. 

Engraçado que uma das coisas que sempre falam sobre o Uruguai é que a população está envelhecendo e não há jovens no país, que saem por falta de oportunidade e tal... Mas foi justamente o oposto que encontrei por lá. Tanto de noite quando de dia, as ruas cheias de jovens (adolescentes ou pessoas entre 20 e 30 anos) se dirigindo ao trabalho, escola ou universidade... Enfim, dessas coisas que a gente só sabe de verdade quando visita o país.

Reaberto em 2001, o La Ronda é um bar jovem, administrado um jovem de 26 anos, que ajudou a reanimar a madrugada nessa área da Ciudad Vieja. O bar fica na rua Ciudadela, número 1166, a três quadras da Plaza Independencia. Com foco em discotecagem, o bar atrai um público interessado em boa música, cinema e artes. Ficamos ali na calçada mesmo e pra variar da fiel Patrícia, experimentei uma Zillertal, outro exemplar de cerveja uruguaia.  


Depois disso, segui caminhando de volta ao hostel e fui dormir. Afinal teria que acordar cedo para voltar ao Brasil. Como o aeroporto Carrasco fica afastado da cidade, pensei em pegar o transfer oferecido pelo hostel. Mas fui orientada pelo pessoal do Che Lagarto a pegar o ônibus de linha normal mesmo, uma espécie de intermunicipal. O ponto fica na rua Daniel Muñoz, na Plaza Líber Seregni, a apenas duas quadras do hostel. A passagem custou cerca de 60 pesos, o equivalente a uns 7 reais, e depois de uns 30 minutos estava dentro do aeroporto me despedindo do Uruguai.
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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Um museu para guardar na memória

Uma coisa boa de visitar uma cidade mais de uma vez é conhecer novos lugares a ampliar a visão sobre o local. Foi isso que aconteceu nessa minha estada em Montevidéu. Lógico que revisitei alguns dos principais pontos turísticos da capital uruguaia, mas também descobri com mais detalhes os bairros de Pocitos - que contamos nesse post aqui - e Prado, onde está localizado o importante Museo de la Memoria.

Para ir até lá peguei um ônibus em frente ao Palácio Legislativo - falei sobre ele no último post. São várias as linhas que levam até o museu, por isso a melhor forma de saber qual pegar dependendo da região de onde está saindo é olhar no próprio site do museu. Ao se aproximar do museu, já dá para notar a diferença nas casas. Prado é um bairro de classe alta, com grandes casas e amplos jardins. E as ruas ficaram ainda mais bonitas em uma tarde de outono.


O Museu da Memória de Montevidéu, também chamado de Mume, é um espaço destinado a preservação da memória da luta contra o regime militar que se instalou no Uruguai entre os anos de 1973 e 1985. Em suas salas são expostos, em ordem cronológica, os fatos que contam esse período recente da história uruguaia. Desde os primeiros registros de violação dos direitos humanos, o endurecimento da ação do estado, os desaparecidos, o golpe militar e a luta pela liberdade, até o processo de redemocratização protagonizado pelos uruguaios.

A exposição permanente é divida em alas com as seguintes temáticas: Instauração da Ditadura; Resistência Popular; Cárceres; Exílio; Desaparecidos; Recuperação Democrática e Luta por Verdade e Justiça; Histórias Inconclusas e Novos Desafios. São fotos, registros policiais, documentos, vídeos, depoimentos, cartazes, utensílios de presos políticos e parte da estrutura de antigos presídios. 


O local também conta com exposições temporárias, com temáticas relacionadas aos direitos humanos e preservação histórica. No dia da minha visita, o movimento feminista fazia parte dessa exposição. Vários cartazes estavam expostos na área externa do prédio, que por si só vale o passeio. O belo jardim é permeado por instalações artísticas que o visitante vai descobrindo na medida em que percorre as trilhas. Construído em 1878, a propriedade foi residência de Máximo Santos, ditador do século XIX. A casa e a área ao redor são considerados monumento histórico nacional. 




Uma coisa que não poderia deixar de mencionar é o atendimento incrivelmente fofo que recebi por lá. É possível fazer visitas guiadas, mas cheguei fora do horário, já no final da tarde. Mesmo assim, o funcionário da recepção me explicou o funcionamento e a distribuição do acervo pelo museu. Além disso, ainda me acompanhou para falar mais detalhes sobre algumas peças ou contextualizar alguns acontecimentos históricos. A entrada no museu é gratuita, mas eles aceitam apoio espontâneo. Acho super necessário valorizar iniciativas e acolhidas como essa! Inaugurado em dezembro de 2007, o museu fica na Avenida de las Instrucciones, número 1057. Aberto de segunda a sábado, das 12h às 18h.
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