sexta-feira, 4 de março de 2016

Sagrada Família: tesouro de Gaudi

Reservei meu último dia em Barcelona para o principal cartão postal da cidade: a impressionante Sagrada Família. Por mais que tivesse lido sobre a igreja e visto muitas fotos, nada me preparou o suficiente para o impacto que senti ao entrar na basílica. Fiquei realmente estupefata com a genialidade, criatividade, habilidade e sensibilidade dos homens que imaginaram e executaram esse trabalho de beleza única!

Mas antes de chegar lá, passei por outras belas paisagens da capital catalã. Começando pela Plaza de España, caminhando pelas charmosas e tranquilas ruas e seguindo para as movimentadas e lindas praias.

Plaza de España com a antiga plaza de torros ao fundo (hoje transformada no centro comercial Arenas de Barcelona) 
Vida tranquila na ensolarada Barcelona
Praia Barceloneta



Enquanto estava na Espanha não me preocupei muito em checar horários de atrações para enquadrá-las em um roteiro. Optei por uma viagem mais easy-going, que combinou bem com a atmosfera da cidade. Assim, só quando cheguei na Sagrada Família, peguei a fila da bilheteria e comprei um ingresso é que percebi o quanto fui sortuda. Era meu último dia na cidade e, portanto, minha única chance de visitar a igreja. A fila estava razoável, mas quando cheguei no guichê o funcionário me explicou que só teria vaga disponível para entrada duas horas mais tarde. 

Aproveitei o tempo para comprar souvenirs em lojas espalhadas pelas ruas próximas, e relaxar num barzinho comendo tapas. Devido ao horário, não seria mais possível fazer a visita às torres, mas fiquei tão aliviada de conseguir entrar que nem me importei, hehe. Quando voltei ao Brasil, ouvi relatos de amigos que não conseguiram comprar lá na hora porque a fila estava muito grande (isso pode acontecer principalmente no verão). Para não correr esse risco, o melhor é garantir seu ingresso pela internet mesmo. A Sagrada Família abre todos os dias às 9h, mas o horário de fechamento varia conforme a época o ano.

Existem vários tipos de ingresso. Você pode optar pela visita básica, com audioguia, com guia, acesso às torres e até um ingresso combinado com a entrada na Casa Museu do Gaudí que fica no Park Güell. Nesse link você consegue checar os horários de funcionamento e o preço dos ingressos. Eu escolhi a entrada com audioguia e posso dizer que ele é obrigatório, ou você perderá várias informações importantes para compreender a obra, vai deixar detalhes preciosos passarem despercebidos e também vai ficar perdido andando por lá. 


Chegando na basílica

Logo de cara o tamanho da igreja já chama muito atenção, e sua arquitetura original deixa tudo com um aspecto meio surreal. É inusitado observar áreas que foram construídas há mais de 130 anos (sua primeira pedra foi colocada em 19 de março de 1882) ao lado de guindastes que ainda trabalham para concluir a obra magistral de Gaudí, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade em 2005 pela Unesco. A previsão é de que a Sagrada Família seja concluída em 2026.

O projeto inicial neogótico é do arquiteto Francisco de Paula del Villar, mas foi assumido por Gaudí em 1883, que o transformou e o conduziu até sua morte em 1926. Um dos aspectos mais interessantes é que, ao contrário de outras igrejas, na Sagrada Família a representação da Via Crucis está toda no exterior. São duas entradas: a Fachada da Natividade (façana del Naixement), iniciada em 1892 e a única concluída pelo próprio Gaudí; e a Fachada da Paixão (façana de la Passió), cujo projeto foi concluído em 1911. 


Fachada da Natividade
Detalhe do lado esquerdo da Fachada da Natividade
Detalhe do lado direito da Fachada da Natividade

Quando entrar não fique surpreso se perder o fôlego. Foi assim que me senti. De resto, você vai se surpreender com tudo, hehe. A altura e magnitude faz a gente se sentir minúsculo lá dentro. Os vitrais estrategicamente posicionados proporcionam uma iluminação fantástica, trazendo amplitude e cores que contrastam com as paredes neutras. As colunas trazem um aspecto inovador para o interior, se assemelhando à galhos de árvores gigantes.


É como se os troncos das árvores terminassem no teto




A sensação é de caminhar por uma floresta
Vitrais trazem luz e cor para o interior da basílica

Depois da morte de Gaudí, a obra foi transferida para seu colaborador de longa data, Domènec Sugrañes. Ao longo dos anos, outros arquitetos assumiram a coordenação da construção, sempre respeitando o projeto de Gaudí.






Quando for concluída, a basílica da Sagrada Família será composta por 18 torres representando os apóstolos, os evangelistas, Jesus e a Virgem Maria. Elas servirão como campanários segundo o projeto de Gaudí.

Torres

Porta da Fachada da Paixão
Detalhe da Fachada da Paixão

Além da morte de seu idealizador, a Sagrada Família ainda enfrentou outros obstáculos para sua construção. Em julho de 1936, durante a Guerra Civil Espanhola, a cripta e o prédio da escola provisória (criada por Gaudí para atender filhos de trabalhadores) foram incendiadas. Mas mesmo a destruição de desenhos, projetos e outros materiais não impediu a sequência da obra.

Escoles Provisionals era destinada aos filhos de trabalhadores da obra e outras crianças do bairro

Enquanto estava na basílica o audioguia informou que o túmulo de Gaudí ficava na Capella del Carme, localizada na cripta Temple Expiatori, abaixo da Sagrada Família. Depois de pedir informação, vi que era só sair da igreja e entrar por um portão lateral. Ali uma escadinha já te leva para para a cripta. A entrada é gratuita.


Capella del Carme dentro da cripta Temple Expiatori

Túmulo de Gaudí


Gaudí

Nascido em 1852, Antoni Gaudí se tornou símbolo da arquitetura modernista que toma conta de Barcelona, cidade para onde se mudou em 1868. Em 1873 iniciou os estudos da Escola de Arquitetura, onde se destacou na assinatura de projetos, desenhos e cálculo. Conquistou a admiração de importantes figuras na cidade ao longo do tempo e iniciou a construção de projetos como a Casa Calvet, Casa Batlló e a Casa Milà. 

Em 10 de junho de 1926 morreu depois de ser atropelado por um bonde, sem ver seu projeto da Sagrada Família concluído. O funeral arrastou grande parte da população pelas ruas da cidade até a basílica. Seus trabalhos continuam a impressionar pelo estilo único que reúne natureza, religião e modernismo.

Me despedi de Barcelona assim: tomando uma sangria admirando a Sagrada Família

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