sexta-feira, 11 de março de 2016

Minhas amadas Pinacotecas

Ah, o amor! É até difícil descrever o quanto eu amo visitar museus e lugares históricos e enveredar pelo passado. Continuando minha viagem por São Paulo, fui visitar as Pinacotecas. A melhor coisa é que a Pinacoteca do Estado de São Paulo e a Estação Pinacoteca ficam pertinho uma da outra, então dá para visitar as duas numa manhã ou tarde.

Fui primeiro para a mais jovem delas, a Estação. Localizada no Largo General Osório, 66, o prédio inicialmente abrigava escritórios da Estação de Ferro Sorocabana e em 2004 foi incorporado pela Pinacoteca do Estado para servir de palco para exposições temporárias, com o arquiteto Haron Cohen responsável pela reforma.

Mas a história desse lugar vai além! O prédio, inaugurado em 1914, foi elaborado pelo escritório do já conhecido Ramos de Azevedo (mais sobre obras dele aqui) e, posteriormente à Estação de Ferro, foi utilizado para abrigar criminosos políticos. O lugar foi sede do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP) de 1939 até 1983.


A Estação Pinacoteca hoje abriga muita coisa interessante. O Memorial da Resistência de São Paulo, o Centro de Documentação e Memória da Pinacoteca do Estado (Cedoc) e a Biblioteca Walter Wey ficam em seu primeiro andar. No segundo piso está a Coleção Nemirovsky, um dos mais incríveis acervos de arte moderna do Brasil. E no terceiro e último fica o Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, que como o nome diz, é dedicado à gravura.

O Memorial da Resistência foi o que mais me impressionou. E não poderia ser diferente. Foi como vivenciar todas aquelas aulas de História do colégio sobre a Ditadura Militar. Com base em depoimentos de antigos prisioneiros toda a atmosfera das celas do Deops foi recriado.

De dentro de uma das celas

Numa das quatro salas é possível ouvir áudios desses prisioneiros, relatando, mesmo em tempos tão conturbados, toda a solidariedade que os seres humanos são capazes de ter. Sabe quando sua fé na humanidade é restaurada? Foi assim.

Cela onde são ouvidos os áudios dos ex-prisioneiros

Depois de todo o choque de uma realidade que foi uma das mais cruéis do nosso país, fiz uma pausa rápida para absorver tudo e rumei para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, na Praça da Luz, 2.


Bom, eu posso não entender nada de arte, mas gosto muito. Gosto de pintura, escultura, literatura, música, enfim. Gosto e pronto. Por isso a Pinacoteca é um dos lugares de São Paulo que eu visito sempre que posso.

A Pinacoteca é o museu de arte mais antigo de Sampa, fundado em 1905. Claro que a obra do edifício também coube ao escritório de Ramos de Azevedo e originalmente o prédio foi construído para o Liceu de Artes e Ofícios. Na década de 1990 foi reformado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.


Com um acervo de cerca de nove mil obras, a Pinacoteca mantém no segundo andar uma exposição de longa duração e, no primeiro, exposições temporárias. No térreo ficam as áreas técnicas, o café e o auditório. O principal foco do museu é a Arte Contemporânea e a parte central da Pinacoteca abriga o Projeto Octógono Arte Contemporânea. Mas o museu não abre mão dos clássicos. 

Entre os que eu mais gosto há Tarsila do Amaral, Auguste Rodin, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Lasar Segall, Candido Portinari, Di Cavalcanti, Jean Baptiste Debret. São tantos artistas incríveis, são tantas obras magníficas que é possível perder-se pela Pinacoteca por horas.

Foto 1: Torso Feminino. Foto 2: La Porteuse de Parfum. Foto 3: Templo de Minha Raça. Todas de Victor Brecheret
Foto 1: Torse de l'Ombre. Foto 2: Bacchanale. Foto 3: Fazendo pose com o Génie du Repos Éternel. Todas de Auguste Rodin
Tropical, de Anita Malfatti
Anjo (estudo para o túmulo de Beatriz) de Tarsila do Amaral
Bananal de Lasar Segall

As Pinacotecas podem ser visitadas de quarta à segunda, das 10h às 17h30, com permanência até às 18h. O preço é R$ 6 inteira e R$ 3 meia-entrada. Aos sábados a visitação em ambas é gratuita.

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