segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Mais um pouco sobre minha menina dos olhos

Para mim, a Casapueblo comporta uma magnificência difícil de explicar. Sua construção de um branco imaculado, cheia de formas inusitadas, contrastando com o azul do céu e do mar é de uma beleza indescritível.

Imediatamente me apaixonei pela localização da casa, à beira-mar, que só queria ter dinheiro suficiente para me hospedar no exclusivo hotel que toma parte de suas dependências e aproveitar tudo o que esse lugar poderia me oferecer.

Parte do hotel em Casapueblo

Voltando para a realidade de pobre mortal, Mariana e eu admiramos muito a parte externa da casa e lamentamos não podermos ficar para ver o pôr-do-sol. Como fomos para Punta de ônibus, tínhamos hora marcada para voltar a Montevidéu.

Mas caso você vá de carro, ou mesmo para se hospedar em Punta del Este, não deixe de sentar em uma das muitas varandas ou terraços da Casapueblo e esperar o sol ir embora. Tenho certeza de que não haverá arrependimento, pelo contrário, uma sensação de gratidão por fazer parte de uma natureza tão deslumbrante com certeza se apoderará de você.

O cenário é totalmente propício para apreciar esse espetáculo, visto que o sol se põe de encontro ao mar. A paisagem no entorno da casa também ajuda muito. Ela não poderia estar mais bem localizada ou ter sido construída em um lugar mais bonito.

Casapueblo

O Museu


Depois de muito apreciar a parte externa da Casapueblo - que já conta com obras de Vilaró -  e admirar a paisagem, Mariana e eu seguimos para o interior dela, para desbravar as salas que compõem o museu e a galeria de arte.

Dentre as muitas obras que pudemos ver, um texto de Carlos Páez Vilaró chamou a nossa atenção. Ele foi escrito em homenagem às mulheres, a quem o artista também dedica sua maior obra, a Casapueblo. Ao mesmo tempo delicado e sofisticado, o texto é um alento para nós mulheres, que muitas vezes não somos reconhecidas.

Texto de Vilaró em homenagem às mulheres

Uma outra obra, que versa sobre a falta de amor na terra, foi a minha preferida. Sua simplicidade não condiz com a força que dela emana. Impossível não parar e refletir um pouco.

A obra que mais gostei


Acidente nos Andes


Uma outra parte do museu, da qual não tiramos fotos, conta um pouco do maior drama vivido por Vilaró, quando o avião em que seu filho estava caiu na Cordilheira dos Andes. O nome do artista não é sempre associado a esse desastre, que ficou famoso mundialmente e virou livro e filme.

Em 13 de outubro de 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia que transportava a equipe de rugby do colégio Stella Maris para jogar uma partida em Santiago - entre eles Carlitos Rodríguez, filho mais velho do artista e integrante da equipe - colidiu com uma montanha na Cordilheira Andina, entre o Chile e a Argentina.

Vilaró fez parte do grupo de buscas que procurava os 45 passageiros do avião. Se você ainda não assimilou de qual acidente estou falando, esse é aquele em que os sobreviventes ficaram desaparecidos por 70 dias, em um frio que passava de -40ºC e precisaram consumir a carne dos passageiros mortos para sobreviver. A tragédia ficou conhecida como "Milagre dos Andes".

Claro que as buscas foram encerradas e todos foram dados como mortos. Mas dois sobreviventes caminharam por dez dias até conseguir ajuda. Do total de passageiros, 13 morreram devido à queda e 16 devido aos ferimentos e a uma avalanche que atingiu os destroços do avião. Do total, apenas 16 sobreviveram, entre eles, Carlitos.

Com essa triste história, nos despedimos da Casapueblo, minha menina dos olhos uruguaia, à qual, um dia, espero voltar.

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