quarta-feira, 15 de junho de 2016

Um abraço aos uruguaios

Sabe aqueles lugares que, sem nenhuma razão específica ou óbvia, sempre tiveram um espaço no coração... aquela sensação de pertencimento? O Uruguai é esse lugar pra mim. O carinho por esse vizinho teve influências literárias, históricas, políticas, culturais, gastronômicas e até futebolísticas. Na volta da minha segunda viagem por lá a única coisa que pensava é que queria abraçar todos os uruguaios e não soltar mais, haha. É muita gentileza, simpatia, ternura e camaradagem pra um povo só! 

O que mais me agrada é a sensação de que é um povo que sabe aproveitar os dias, que encontra na simplicidade a qualidade de vida. Todos, sem exceção, para quem pedi informação na rua foram super solícitos. E não foram poucos os que mudaram sua rota para me mostrar o caminho, ou deixaram de pegar o ônibus para aguardar o que seria pra mim e garantir que eu pegasse o certo. Sim, true story! Isso sem contar a sensação de segurança constante em qualquer lugar e horário; e as inúmeras belezas naturais. Ainda preciso voltar para conhecer Cabo Polônio, já que o clima não me favoreceu dessa vez, e quem sabe fazer a sonhada viagem de carro pela costa uruguaia.

Pra me despedir apropriadamente de Montevidéu nada melhor do que um tour por alguns bares da cidade. E ninguém melhor pra indicar o caminho do que um jornalista. Afinal, o Strozi já tinha mapeado os botecos da capital em um mês de moradia por lá, hehe. A ideia principal era conhecer o famoso e tradicional bar Fun Fun. Mas para não chegar lá muito cedo (lembrando que a noite no Uruguai começa muito tarde, bares depois das 22h e baladas lá pelas 2h), começamos pelo Bar Andorra

Com 36 anos de tradição, o Andorra é um daqueles botecos simples que a gente ama, com as clássicas mesinhas na calçada, atendimento simpático e aquela clientela que já é amiga. O bar fica na esquina das ruas Canelones e Yaguarón, servindo cervejas e tapas variadas. Funciona de terça a sábado, a partir das 20h. Lembra o que eu dizia sobre os uruguaios, pois é, o garçom já tinha virado brother do Strozi, ajudando-o a encontrar um apartamento para alugar :)

Depois seguimos caminhando em direção ao Fun Fun. Fundado em 1895 por Augusto López, é o bar mais tradicional da capital uruguaia. Com decoração cheia de referências esportivas, o local está sempre cheio, mesmo em dias de semana, por pessoas atraídas principalmente pelos shows de tango ou candombe (uma espécie de salsa uruguaia de origem africana). Uma coisa que você não pode deixar de fazer ao ir até lá é provar a Uvita, um licor de uva tannat que só é vendido lá. A produção e seus ingredientes são guardados em segredo pelos donos da casa. Vale muito a pedida!
  
Célebres artistas da era de ouro do tango frequentavam o bar, como o próprio Carlos Gardel. Depois da fama, o Fun Fun passou a ser parada obrigatória pra vários outros artistas que visitam Montevidéu. Em agosto de 2014, o bar deixou o antigo endereço mudou-se para rua Soriano, número 922, na Ciudad Vieja, funcionando das 20h às 2h30. Só uma dica: leve dinheiro! Eles não aceitam cartão por lá, pelo menos por enquanto, e cobram um couvert artístico de 200 pesos por pessoa - pouco mais de 20 reais. 


Como saímos de lá ainda com disposição para uma saideira, seguimos até próximo à rambla Gran Bretaña onde fica o bar La Ronda. Fizemos todo esse percurso caminhando, inclusive quando voltei para o hostel, e foi tudo muito tranquilo. Mesmo com as ruas desertas, não havia sensação de perigo. Me surpreendi quando chegamos nessa área pois estava bem movimentada, com dois bares, um ao lado do outro, e várias pessoas em frente, nas calçadas, tomando cerveja e conversando. 

Engraçado que uma das coisas que sempre falam sobre o Uruguai é que a população está envelhecendo e não há jovens no país, que saem por falta de oportunidade e tal... Mas foi justamente o oposto que encontrei por lá. Tanto de noite quando de dia, as ruas cheias de jovens (adolescentes ou pessoas entre 20 e 30 anos) se dirigindo ao trabalho, escola ou universidade... Enfim, dessas coisas que a gente só sabe de verdade quando visita o país.

Reaberto em 2001, o La Ronda é um bar jovem, administrado um jovem de 26 anos, que ajudou a reanimar a madrugada nessa área da Ciudad Vieja. O bar fica na rua Ciudadela, número 1166, a três quadras da Plaza Independencia. Com foco em discotecagem, o bar atrai um público interessado em boa música, cinema e artes. Ficamos ali na calçada mesmo e pra variar da fiel Patrícia, experimentei uma Zillertal, outro exemplar de cerveja uruguaia.  


Depois disso, segui caminhando de volta ao hostel e fui dormir. Afinal teria que acordar cedo para voltar ao Brasil. Como o aeroporto Carrasco fica afastado da cidade, pensei em pegar o transfer oferecido pelo hostel. Mas fui orientada pelo pessoal do Che Lagarto a pegar o ônibus de linha normal mesmo, uma espécie de intermunicipal. O ponto fica na rua Daniel Muñoz, na Plaza Líber Seregni, a apenas duas quadras do hostel. A passagem custou cerca de 60 pesos, o equivalente a uns 7 reais, e depois de uns 30 minutos estava dentro do aeroporto me despedindo do Uruguai.

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