segunda-feira, 27 de junho de 2016

Os tesouros naturais do Parque Estadual de Vila Velha

Quando se fala em turismo no Paraná, Ponta Grossa não é uma cidade que venha fácil à mente. As pessoas pensam primeiro nas Cataratas, na capital, nas praias. Mas a cidade localizada na região dos Campos Gerais e com pouco mais de 300 mil habitantes possui alguns encantos incríveis. O mais famoso deles é o Parque Estadual de Vila Velha e é sobre esse lugar privilegiado pela natureza que o Duas Maris vai falar hoje.

O parque foi criado para proteger as formações dos seus sítios geológicos: os Arenitos (formações rochosas com formas diversas), as Furnas (grandes crateras com vegetação exuberante e água de lençóis subterrâneos em seu interior) e a Lagoa Dourada (que fica com tons dourados ao pôr-do-sol).

Eu estava em Ponta Grossa passando um fim de semana na casa de um casal de amigas e a visita ao parque foi unanimidade entre nós. Assim, num sábado ensolarado pegamos o carro e rumamos pela BR-376 até chegar ao km 28 a partir de Ponta Grossa - o parque oferece estacionamento gratuito aos visitantes. Se você não estiver de carro, há ônibus no Terminal de Oficinas, a linha é a Vila Velha.

Chegando lá é possível comprar ingressos separadamente (R$ 10 para os arenitos e R$ 8 para furnas e lagoa dourada) ou para a visita completa ao parque (R$ 18). Se você tiver tempo, aconselho visitar as três atrações pois todas são lindas e interessantes. Estudantes e residentes em Ponta Grossa com comprovante de luz ou água ou com título de eleitor pagam meia-entrada. Pessoas acima de 60 anos, portadores de necessidades especiais e crianças até seis anos não pagam.

Arenitos


Como tínhamos o sábado todo, optamos pelo ingresso completo. Nossa primeira aventura foi o caminho que passa pelos arenitos. Um guia acompanha e explica sobre a formação dos arenitos (mas acabamos perdendo as explicações porque estávamos com uma criança pequena conosco e não conseguimos seguir o ritmo dos demais).

Há duas trilhas para serem feitas, uma maior, com mais de 2,5 km e outra com pouco mais de 1 km. Optamos pela trilha mais curta. O grau de dificuldade é baixo e essa trilha contempla as principais formações rochosas. Mesmo perdendo as explicações do guia, há placas por toda a trilha com orientações.

Início da trilha dos arenitos

As formações geológicas de Vila Velha remontam há aproximadamente 340 milhões de anos - no chamado período Carbonífero, quando a América do Sul ainda estava ligada à África, à Antártida, à Oceania e à Índia. Esse período foi durante a Era Paleozoica (que conforme você aprendeu no colégio foi aquela em que quase todos os filos animais atuais e extintos apareceram e também a em que ocorreu a extinção maciça de aproximadamente 90% de todas as espécies de animais marinhos).

Então, foi nessa época remota que toda a região estava submersa pelo mar. Mar? Em Ponta Grossa? Exatamente. Acontece que esse mar foi drenado e assim as formações que estavam até então submersas foram aparecendo e revelando sua coloração avermelhada devido ao óxido de ferro, que foi cimentado junto ao arenito.

Coloração avermelhada dos arenitos é perfeitamente visível

Com um pouco de imaginação (às vezes muita) é possível encontrar formas inusitadas nas rochas, que têm em média 20 metros de altura. Algumas figuras são mais fáceis de serrem visualizadas, como a "taça", que é o cartão-postal do parque. Impossível não se divertir e não se impressionar com o que a força do tempo, das águas e dos ventos conseguiu construir.

Meio encoberto pela vegetação, o "camelo"
A "garrafa"
A "taça," cartão-postal de Vila Velha

Depois da trilha dos arenitos, voltamos para a sede da administração do parque para esperarmos nosso passeio para as furnas e a lagoa dourada. Esse passeio tem horários determinados então é preciso se programar para não perder a oportunidade.


Furnas e Lagoa Dourada


Nossa próxima parada foi nas furnas, que são na realidade poços de desabamento com forma circular e paredes verticais repletas de vegetação. Na região dos Campos Gerais são conhecidas 14 furnas, sendo que seis estão em Vila Velha. A trilha para as furnas abertas à visitação é bastante fácil e acessível. É simplesmente incrível o tamanho dos buracos, a água no fundo e as paredes cobertas de verde.


Antigamente havia um elevador que descia até o fundo de uma das furnas, chegando bem pertinho das águas que emergiram do subterrâneo. Porém, por falta de manutenção ele não funciona mais - pelo menos é possível ir até o elevador para ver melhor o buraco da furna.

Lá embaixo é possível ver a estrutura até onde o elevador descia

Após as Furnas, nosso último destino em Vila Velha foi a Lagoa Dourada. A lagoa é uma furna em estágio terminal, que foi recebendo sedimentos ao longo de milhões de anos e ficou assoreada. Hoje sua profundidade máxima é de três metros - muito diferente das outras furnas que visitamos.

A água da lagoa é cristalina, sendo possível ver seu fundo e os peixes nadando tranquilamente. Ela recebeu o nome de Lagoa Dourada pois, ao pôr-do-sol, suas águas refletem as cores do céu e sua coloração fica da cor do ouro. Infelizmente não conseguimos apreciar esse fenômeno, até porque o parque funciona das 8h às 15h30 (diariamente, exceto às terças-feiras, quando o parque é fechado para manutenção). Uma pena, mas mesmo sem estar dourada a lagoa é linda e vale muito a visita.

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