quarta-feira, 27 de abril de 2016

História e cultura no Catete e na Gávea

Eu já começo esse post com um pedido de desculpas. Fiz esses passeios em dias diferentes, em viagens diferentes ao Rio de Janeiro, mas eles tem duas coisas em comum: nos dois dias o clima estava nublado e chuvoso e em ambos eu estava sem a minha câmera fotográfica - e portanto tendo que me contentar com fotos do celular, que na época não era lá dessas coisas... 

Mas independente disso, o registro deve ser feito porque a visita a esses dois museus é fundamental para você que vai ao Rio. O Museu da República é na verdade o histórico Palácio do Catete. Construído em 1867 como residência do barão de Nova Friburgo, Antônio Clemente Pinto, é símbolo do poder da elite cafeeira do país na época. Foi em 1896 que o Palácio foi adquirido pelo Governo Federal para sediar a Presidência da República.

Mesmo funcionando como sede do governo, o local não deixou de sediar eventos culturais, saraus e bailes que reuniam a elite brasileira da época. Em 1938 a propriedade foi tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Mas a principal memória ligada ao palácio é, sem dúvida, o suicídio de Getúlio Vargas em 1954. Depois de sediar a república por quase 64 anos, o Palácio do Catete tornou-se Museu da República em 1960 devido à mudança da capital federal para Brasília.

Jardins do Museu da República

O acervo - que inclui a própria construção, móveis e decoração - e as exposições temporárias tratam da história republicana brasileira. Além do acervo interno do museu, os jardins são uma atração a parte e estão sempre ocupados pelos cariocas, seja usando o trajeto de passagem ou usando as sombras das árvores para descansar lendo um livro. Há ainda várias atividades culturais que são realizadas no próprio jardim. O local reúne ainda um cinema e um café, opções de lazer com cultura fora do circuito comercial. 


Logo na entrada do Palácio, chama a atenção um portão de ferro de 1864. No hall, seis colunas de mármore levam à escada principal. As esculturas, luminárias e estuques no teto com as Armas da República foram implantadas na época em que o palácio serviu como sede da presidência. Os cômodos do térreo eram ocupados com setores burocráticos como secretaria, gabinetes, salas de audiências e o Salão Ministerial. Ao subir a escada, o visitante pode apreciar pinturas e esculturas, além da própria arquitetura.


O segundo andar do prédio é chamado de piso nobre e sediava recepções e cerimônias. Cada luxuoso salão é decorado com uma temática diferente, como o Salão Francês no estilo Luiz XVI e o Salão Nobre, decorado com cenas mitológicas. Um dos que mais me chamou atenção foi o Salão Mourisco, com decoração inspirada na arte islâmica. Vitrais e uma capela ainda ocupam o andar. O terceiro e último andar era destinado aos aposentos das famílias dos presidentes, dentre eles o quarto presidencial no qual Getúlio Vargas cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Mas, infelizmente, quando eu estava lá esse andar estava fechado para visitação. 

Detalhe da parede do Salão Mourisco

O Museu da República fica na rua do Catete, 153. A entrada custa R$ 6, mas nas quartas-feiras e domingos a visitação é gratuita. O museu funciona de terça à sexta, das 10h às 17h. Nos sábados, domingos e feriados, abre das 11h às 18h.


Instituto Moreira Salles


Instituto Moreira Salles é um espaço de arte localizado na casa onde viveu o embaixador Walther Moreira Salles no alto da Gávea. O local se tornou a sede do instituto em 1999 e, desde então, acolhe acervos de fotografia, música e literatura, além de sediar exposições temporárias. A casa ainda contém um cinema e espaço para shows. 

Na véspera da minha visita ao Instituto, um temporal havia atingido o Rio de Janeiro e, por isso, alagado várias salas das exposições e do cinema. Dessa forma, meu tour foi reduzido a duas alas e ao jardim. As exposições tratavam das carrancas do Rio São Francisco e ilustrações antigas da cidade. Me deu vontade de voltar lá para percorrer a casa em sua totalidade.

Mas pode-se dizer tranquilamente que a principal "peça" do acervo é a própria casa, um marco da arquitetura moderna dos anos 1950, projetada por Olavo Redig de Campos e com jardins de Burle Marx. A construção fica ainda mais exuberante por estar no meio na Floresta da Tijuca. Um ponto de modernidade cercado pela mata atlântica.

Parede de cobogós na fachada da casa

O pátio central, que separa a ala íntima das dependências sociais, dá vista ao jardim com piscina e a montanha ao fundo. Tudo isso ornamentado por uma fonte e uma passagem coberta por uma marquise ondulante. O Instituto Moreira Salles fica na rua Marquês de São Vicente, 476, e funciona de terça a domingo, das 11h às 20h, com entrada gratuita.

Pátio central

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